domingo, 24 de março de 2019

Metodologias Ativas - Novas possibilidades!

"A “Pedagogia do Fazer” (Maker Pedagogy, em inglês) não é exatamente uma novidade. No início dos anos 1970, o educador Jean Piaget já observava: “Os estudantes com dificuldade em matemática têm uma atitude completamente diferente quando o problema vem de uma situação concreta e está relacionada a outros interesses”. A capacidade de inventar, criar, descobrir pode ser entendida como um talento nato daqueles que já nasceram com uma vocação para ciência. Se antes a oportunidade de “brincar” de cientista era reservada às aulas no laboratório, hoje as tecnologias digitais disponibilizam incontáveis ferramentas que vão muito além do tubo de ensaio e do microscópio."

“Os estudantes com dificuldade em matemática têm uma atitude completamente diferente quando o problema vem de uma situação concreta e está relacionada a outros interesses.”

"Para trabalhar com metodologias ativas, é fundamental estar disposto a romper estruturas arcaicas e engessadas de ensino. É preciso virar a chave. 

Vamos observar esses sete pontos de atenção para quem quer se aventurar a trabalhar com metodologias ativas e implementar estratégias de ensino que façam mais sentido para os alunos segundo a educadora Jackie Gerstein, são eles:

1. Não devemos nos considerar experts em conteúdo. Essa é uma barreira que impede de aprender algo novo com os alunos. 

2. Não devemos acreditar que as aulas expositivas são a melhor forma de transmitir conteúdos para os alunos. Isso é necessário, mas muitas vezes torna- se apenas uma transferência das anotações do professor para o caderno do aluno sem que tenham a oportunidade de reflexão. 

3. Não devemos nos preocupar em ter todas as respostas, pois saber tudo elimina a chance de aprender junto com os alunos.

4. Não devemos acreditar que sempre deve haver conclusões previsíveis ao realizar uma tarefa, mas que muitas vezes não é possível planejar para aprender.

5. Não devemos acreditar que uma classe silenciosa é a mais adequada para promover aprendizagem, pois momentos em que os alunos são autorizados a explorar e a criar seus próprios conteúdos e objetos são também extremamente ricos.

6. Não devemos ter medo de errar na frente dos nossos alunos, pois um erro pode, eventualmente, ser uma grande oportunidade para que todos possam aprender, incluindo o próprio professor.

7. Não podemos ser os únicos avaliadores do trabalho dos alunos, pois a autoavaliação e a avaliação entre pares têm um papel importante no processo de aprendizado. E então professores? Vamos deixar que os alunos coloquem a mão na massa? Ferramentas e estratégias de ensino é o que não faltam!"

“A educação pode ajudar a nos tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas.” Edgar Morin

"A Base Nacional Comum Curricular, que expressa os direitos de aprendizagem dos alunos em todas as etapas básicas de ensino, reflete essas mudanças, propondo competências gerais relativas à valorização dos conhecimentos, ao pensamento crítico, científico e criativo, à consolidação e ampliação do repertório cultural do estudante, ao uso de diferentes e multilinguagens, à cultura digital, ao trabalho e projeto de vida, à argumentação, ao autoconhecimento e autocuidado, à empatia e cooperação e à responsabilidade e cidadania."

"As metodologias ativas estão cada vez mais na pauta de discussão de eventos, encontros e materiais publicados na área de educação. Nunca se falou tanto em inovar processos educacionais, rever práticas, formar professores para uma educação transformadora e considerar os estudantes como protagonistas, desenvolvendo sua autonomia no decorrer da escolaridade. Tendemos a considerar como mais um modismo, ou como mais uma novidade, que logo vai passar. Nesse caso, especificamente, não há nada de novo. Os estudos de John Dewey (1959), pautados pelo aprender fazendo (learning by doing) em experiências com potencial educacional, convergem com as ideias de Paulo Freire (1996), em que as experiências de aprendizagem devem despertar a curiosidade do aluno, permitindo que, ao pensar o concreto, conscientize-se da realidade, possa questioná-la e, assim, a construção de conhecimentos possa ser realmente transformadora. Em tempos de tecnologias digitais essas premissas tornam-se ainda mais urgentes, pois o concreto envolve uma ampla gama de informações, disponíveis na palma da mão, e que podem ser bem ou mal utilizadas, dependendo do contexto em que estão inseridas. 

Teaching and learning are correlative or corresponding processes, as much so as selling and buying. One might as well say he has sold when no one has bought, as to say that he has taught when no one has learned (DEWEY, 1910, p. 29)

Para Dewey, então, não podemos dizer que ensinamos algo se ninguém aprendeu, assim como não podemos dizer que vendemos se ninguém comprou. Nesse aspecto, podemos diferenciar duas formas de análise para “ensinar”. Se ensinar está centrado em apresentar algo, explicar, transmitir e, por outro lado, se ensinar está centrado em levar o outro a aprender. No primeiro caso, se tudo o que os alunos devem aprender em um curso está contemplado nas palestras, leituras, conteúdos que deveriam ser transmitidos e se o professor transmitiu tudo, então, o professor ensinou. Agora, se tivermos como base o pensamento de Dewey, mesmo que o professor tenha apresentado tudo, se os alunos não aprenderam, o professor não ensinou… John Dewey defendia algo que pode ser chamado de “ensino centrado no aluno”, que considera o estudante no centro do processo. Mesmo sabendo que isso significa sua relação com outros estudantes, com o docente e com diferentes fontes de informação ou conteúdo, considerar o estudante no centro do processo significa entender que os estudantes não são receptores passivos, mas que assumem responsabilidade pela construção de conhecimentos e, para isso, precisam ser estimulados, por meio de experiências de aprendizagem significativas, a terem um papel ativo."

"As habilidades e competências essenciais para atuar neste século estão focadas em três domínios: domínio cognitivo (pensamento), domínio intrapessoal (para dirigir sua vida e ter responsabilidade) e domínio interpessoal (para trabalhar em equipe e desenvolver outras competências relacionadas)" – National Research Council. 

• Caráter – honestidade, autorregulação e responsabilidade, perseverança, empatia para contribuir com outros, autoestima, saúde pessoal e bem-estar, carreira e habilidades para a vida; 

• Cidadania – conhecimento global, sensibilidade para respeitar outras culturas, sujeito ativo em questões relacionadas à sustentabilidade.

• Comunicação – comunicação eficaz por meio da oralidade, escrita e com suporte de diferentes ferramentas tecnológicas, habilidades de escuta; 

• Pensamento crítico e resolução de problemas – pensar criticamente para desenhar e gerenciar projetos, resolver problemas, tomar decisões efetivas usando uma variedade de ferramentas tecnológicas e recursos; 

• Colaboração – trabalhar em equipe, aprender e contribuir com o aprendizado de outros, habilidades para interagir em redes sociais e empatia para trabalhar com diferentes pessoas;

• Criatividade e imaginação – empreendedorismos econômico e social, considerando e persuadindo novas ideias e sendo líder para ações.

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