quarta-feira, 16 de julho de 2014

Algumas ideias sobre a Educação Inclusiva

“A Declaração de Salamanca, deixou ressaltada que a proposta de educação inclusiva não é específica para alunos e alunas com necessidade especiais ou outro termo que se escolha. Como processo contínuo, dialético e complexo diz respeito a qualquer aluno que, por direito de cidadania, deve frequentar escolas de boa qualidade, onde aprenda a aprender, a fazer, a ser e onde participe, ativamente. Inúmeros desafios são identificados e precisam ser removidos; dentre eles o aspecto atitudinal se destaca, particularmente pelos preconceitos e estereótipos com que a diversidade biológica tem sido tratada e internalizada no imaginário coletivo.”
“A inclusão não depende de si mesma, “pois ela é um novo desafio que demanda a clarificação dos meios de ação que viabilizem a transformação das escolas e, particularmente, que viabilizem o acolhimento das crianças “diferentes”. (Eric Plaisance, 2004).
“Essa invocação moral e abstrata em favor da inclusão que engrenda formas dissimuladas de exclusão” (Eric Plaisance, 2004).
“Muitos professores negam-se a receber, em suas turmas comuns, determinados aprendizes, percebidos como “muito diferentes” e para os quais se sentem despreparados. Outros os aceitam, reunindo-os num grupo à parte, produzindo exclusão, na inclusão.”
Exclusão não é o avesso de inclusão, pois esta pode se manifestar como inclusão marginal, na medida em que a sociedade capitalista desenraiza, exclui, para incluir de outro modo, segundo suas próprias regras, segundo sua própria lógica”. (José de Souza Martins).
“A tolerância, quando é utilizada como forma de apelo para garantir a presença de aprendizes em situação de deficiência nas turmas comuns, pode ser considerada como mais um desdobramento da análise sobre o moralismo abstrato”.
“A tolerância pode equivaler à acomodação ao status quo, ao fatalismo, especialmente quando seu oposto, a intolerância, tem raízes coletivas ou institucionais geradas pela insegurança, por exemplo. E a insegurança não se resolve com tolerância e sim com a organização de sociedades verdadeiramente democráticas nas quais os cidadãos possam, indistintamente, usufruir os bens e serviços coletivos, sem que isso seja considerado filantropia ou caridade.” (Rao V.B.J. Chelikani, UNESCO BRASIL, 1999).
“No que tange às pessoas que apresentam necessidades especiais decorrentes de uma situação de deficiência ou não, penso que a tolerância – como uma espécie de favor, de gentileza em “aguentar” sua presença -, ao lado do respeito à diferença, como forma de aceitação passiva do Outro -, estão no conjunto de práticas de moralismo abstrato e utópico e na contramão da ética da inclusão.”
“Devemos refletir sobre a igualdade de oportunidades e o sobre o direito igual de cada um de ingressar na escola e, nela, exercitar sua cidadania, aprendendo e participando”.
  “A expressão pessoa em situação de deficiência apresenta a vantagem de relacionar as influências do meio com as capacidades que as pessoas, podem desenvolver e manifestar. Servem como exemplo, duas pessoas com a mesma deficiência e que, segundo a situação e as condições em que vivem, vão encontrar maiores ou menores barreiras para as suas necessidades de ir e vir, de aprender e de participar, em termos de precocidade, qualidade e intensidade das ajudas e apoios especializados que receberam.”
“Inúmeros alunos com dificuldades de aprendizagem podem ser considerados em situação de deficiência decorrente de condições sociais e econômicas adversas, bloqueadoras de seu pleno desenvolvimento, mesmo sem apresentarem pertubações no nível biológico como cegueira, surdez, retardo mental, paralisia cerebral, por exemplos.”
“Parece não haver dúvidas de que os sujeitos da inclusão são todos: os que nunca estiveram em escolas, os que lá estão e experimentam discriminações, os que não recebem as resposta educativas que atendem às suas necessidades, os que enfrentam barreiras para a aprendizagem e para a participação, os que são vítimas das práticas elitistas e injustas de nossa sociedade, as que apresentam condutas típicas de síndromes neurológicas, psiquiátricas ou com quadros psicológicos graves, além das superdotadas/com altas habilidades, os que se evadem precocemente e, obviamente, as pessoas em situação de deficiência, também.”

“A própria Declaração de Salamanca adverte que as políticas educativas deverão levar em conta as diferenças individuais e as diversas situações, como é o caso de alunos surdos e surdos-cegos para os quais é mais conveniente que a educação seja ministrada em escolas ou em classes especiais, nas escolas comuns.”

Fonte: Edler Carvalho, Rosita. Educação Inclusiva: do que estamos falando? Revista Educação Especial, núm. 26, -, 2005, pp. 1-7. Universidade Federal de Santa Maria.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário