Saiba tudo sobre o Sisu
“Sisu”, “Fies” e “Prouni” são algumas das nomenclaturas mais comuns de se ver e ouvir quando chega a época do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). No Brasil, a edição de 2016 do Exame bateu um recorde histórico: foram 8,7 milhões de inscritos.
O exame é uma iniciativa criada pelo Ministério da Educação (MEC) que permite avaliar o Ensino Médio no país, mas, acima de tudo, aumentou as oportunidades para que pessoas de diferentes regiões e condições sociais tenham acesso a uma educação superior de qualidade.
Mesmo criado em 1998, esse sistema de avaliação sofreu diversas mudanças e uma reestruturação completa ao longo dos anos, e ainda pode confundir os estudantes.
Hoje, é possível fazer uma única prova e concorrer, de uma só vez, a diversas vagas em universidades federais e estaduais de todo o país.
Mas essa facilidade e quebra de fronteiras só é possível graças a um sistema informatizado, que permite que todas as instituições públicas de ensino superior disponibilizem suas vagas e selecionem os futuros universitários com base no seu desempenho no ENEM:
o Sistema de Seleção Unificada, ou Sisu.
Para fornecer uma orientação adequada aos estudantes, os coordenadores e diretores pedagógicos precisam ficar atentos não apenas aos prazos de inscrição, mas a todo o funcionamento desse sistema, como:
» notas de corte,
» vagas de ampla concorrência,
» ações afirmativas e classificação parcial.
A chegada de 2017 marca também um novo período de inscrições para o Sisu, que acontece duas vezes por ano. E ainda dá tempo de aprender tudo sobre esse sistema de seleção para garantir que seus estudantes não percam a vaga dos sonhos.
Quer entender mais sobre o assunto? Então não deixe de conferir o nosso texto!
1. Entenda o que é o Sisu
Como já adiantamos na introdução desse texto, o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) é um sistema informatizado e online, gerenciado pelo MEC.
Nele as instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para todos os seus cursos de graduação aos candidatos que participaram do ENEM na edição requerida.
Desde que as universidades federais e estaduais mais conceituadas do Brasil aboliram os vestibulares para unificar o seu sistema de avaliação, o Sisu se tornou uma das formas mais relevantes para quem deseja ingressar em um curso superior.
Na prática tudo funciona de maneira integrada. Ao se inscrever no ENEM, o candidato já recebe um número de inscrição e uma senha, que também dão acesso ao sistema do Sisu. E não há cobrança de qualquer taxa adicional.
Mas é preciso ficar atento ao prazo de inscrições. O processo seletivo do Sisu é realizado duas vezes por ano, geralmente, em janeiro e em junho/julho — períodos que marcam o início do semestre letivo das instituições de ensino superior.
No site, esse candidato pode ter acesso às instituições de todo o país e escolher a de seu interesse.
Também, nesse momento, é possível escolher o tipo de concorrência: por vagas de políticas afirmativas – para afrodescendentes, indígenas e estudantes que estudaram em uma instituição pública – ou por ampla concorrência.
Conforme as regras do programa, cada candidato pode escolher até dois cursos, como primeira e segunda opção. O candidato deve observar a nota de corte para realizar sua inscrição.
Por exemplo, se a nota de corte do curso de Medicina na Universidade Federal da Bahia (UFBA) for 700, o participante deve ter uma nota superior a essa para ingressar na graduação.
Mas isso não é garantia de aprovação, já que a norte de corte pode mudar, de acordo com critérios que explicaremos a seguir nesse artigo.
A boa notícia é que se não for aprovado de primeira, o estudante ainda pode concorrer ao curso eleito como segunda opção. Além disso, o Sisu oferece às instituições uma Lista de Espera, para o preenchimento das vagas não ocupadas nas chamadas regulares.
Então, após o período de inscrição no Sisu, é só ficar de olho. Os candidatos selecionados para as universidades terão um prazo determinado para efetuar a matrícula e garantir sua vaga.
Quem for selecionado na primeira chamada deve entrar em contato com a instituição de ensino para se informar sobre todo o processo de inscrições.
2. Como funciona o Sisu
Muitos estudantes têm dificuldade de utilizar o Sisu, escolher o melhor curso e acompanhar a sua nota de corte.
Por isso é importante que os educadores também entendam como funciona esse sistema online para que auxiliem melhor esses estudantes a darem o primeiro passo para o ingresso em uma graduação.
Confira alguns elementos essenciais para entender o Sisu:
» Concorrência
Em alguns cursos ofertados no Sisu, existem duas modalidades de concorrência:
» ampla concorrência
» ações afirmativas
Na política de ações afirmativas, algumas vagas são reservadas para afrodescendentes, indígenas, egressos de escola pública etc.
Além disso, as universidades podem oferecer o bônus como ação afirmativa, em que uma pontuação extra é acrescida à nota do ENEM do candidato beneficiado, que concorre com sua nota final (nota do ENEM + bônus) com os candidatos inscritos em ampla concorrência.
Durante a inscrição, o candidato deve optar por UMA das modalidades.
É preciso ter muito cuidado com essa escolha. O candidato é responsável por comprovar todos os pré-requisitos necessários para concorrer a uma vaga por ação afirmativa à universidade.
Caso apresente alguma irregularidade, o acesso à vaga pode ser revogado.
» Inscrições do Sisu
As inscrições no Sisu podem ser feitas duas vezes por ano, no início de cada semestre letivo.
Mesmo que um estudante tenha feito a prova do ENEM, isso não garantirá a sua participação no Sisu. É preciso ficar atento ao prazo de inscrições, e se cadastrar com o mesmo login e senha utilizados para o ENEM.
» Passo a passo de inscrição do Sisu
1. Acesso ao sistema – http://sisu.mec.gov.br/, entre 00h do primeiro dia e 23h59 do último;
2. Confirmação de dados – é necessário se certificar que todos estejam corretos e alterar os que estiverem errados;
3. Pesquisa de Cursos – a pesquisa pode ser feita por cidade e instituição de ensino;
4. Escolha de Cursos – o estudante poderá escolher sua primeira e segunda opção, de acordo com o seu interesse. Também é possível conferir a quantidade de vagas de ampla concorrência ou ações afirmativas e as notas de corte;
5. Confirmação da Inscrição.
» É possível alterar a inscrição?
Até o período de encerramento das inscrições, o candidato pode fazer quantas alterações achar necessário. Após 23h59, o sistema impede qualquer alteração.
» Resultados
O resultado do Sisu não é divulgado imediatamente após o fim das inscrições e poderá ser consultado no seu Boletim de Acompanhamento (no próprio portal), nas instituições participantes e na Central de Atendimento do MEC, por meio do telefone 0800-616161.
Em caso de notas iguais, o primeiro quesito de desempate será a nota da redação, por isso é essencial dar atenção a esse aspecto e treinar bem o estudante sobre os temas da atualidade, regras gramaticais e capacidade de argumentação. Depois os critérios seguem as notas das áreas na seguinte ordem: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
Caso seja aprovado, o candidato deve entrar em contato com a universidade para conferir os documentos necessários para matrícula, o prazo e os locais e horários. Na maioria das universidades esse processo é feito presencialmente.
» Lista de Espera
Os estudantes que não forem aprovados na primeira ou segunda opção dos cursos selecionados ainda têm uma chance de entrar na universidade, por meio da lista de espera do Sisu.
“Após as chamadas regulares do processo seletivo, o Sisu disponibilizará às instituições participantes uma Lista de Espera a ser utilizada prioritariamente para preenchimento das vagas eventualmente não ocupadas. Para participar da Lista de Espera do Sisu, o candidato deve manifestar o interesse no prazo especificado no cronograma.” – Fonte: http://sisu.mec.gov.br/tire-suas-duvidas#inscricoes
As chamadas são feitas a partir de uma data informada no Sisu — geralmente no dia em que o resultado da chamada regular é divulgado ou até que todas as vagas remanescentes sejam preenchidas. Para saber se foi convocado, o estudante deve entrar em contato com a universidade escolhida.
» Utilização de edições anteriores do ENEM
No momento em que o processo seletivo é aberto, o MEC também divulga quais edições do ENEM serão aceitas na seleção.
3. Como é o sistema de nota de corte?
A nota de corte é um dos elementos que merecem atenção durante as inscrições. Muitos estudantes acreditam que basta escolher o curso desejado e pronto: é só esperar pelo resultado, como acontecem nos vestibulares comuns.
Ela é a menor nota necessária para ter a chance de ser selecionado para a vaga. O sistema verifica o desempenho no ENEM de todos os candidatos de um determinado curso e mostra o posicionamento de cada um deles diante da concorrência.
Para muitos estudantes, mesmo depois de entender como a nota do ENEM é calculada, ainda restam dúvidas se o seu desempenho garante uma classificação no que curso que sonha.
A nota de corte NÃO é fixa. Durante o período de inscrições no Sisu, ela é atualizada diariamente e pode mudar drasticamente — de acordo com o número de vagas oferecidas e do número de inscritos.
É importante lembrar que ela não é atualizada em tempo real, e sim, uma vez por dia. Por isso, somente no segundo dia do período de inscrições, os candidatos podem ter acesso à nota de corte de um determinado curso de graduação.
Por isso não há como prever se o seu desempenho no ENEM será suficiente para ingressar em uma determinada universidade ou curso de graduação. Quanto mais próximo do prazo final das inscrições no Sisu, maior a chance da nota de corte ser próxima da real.
Cada universidade também pode adotar um peso diferente para as notas de cada grande área, de acordo com o curso. Por exemplo: a prova de Linguagens e Códigos pode ter um peso maior para Jornalismo, do que para Engenharia em uma mesma universidade.
Em 2016, as duas maiores notas de corte do processo seletivo foram as do curso de Medicina (824,74) e Engenharia Química (811,94), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nota de corte em Engenharias do Sisu 2015.1. Fonte: MEC
Por isso, se um estudante sonha cursar um determinado curso de graduação, independente de qual seja a faculdade que oferta a vaga ou sua localização, as opções são mais amplas.
Por exemplo: em 2016, o curso de Psicologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) teve, na ampla concorrência, uma nota de corte de 753,84. Já a mesma opção na Universidade Federal de Roraima (UFRR) a nota foi 657,02 — quase 100 pontos a menos.
Uma das particularidades mais vantajosas do Sisu é que, enquanto as inscrições não acabam, o candidato pode alterar as duas opções de cursos pretendidos e os locais onde deseja cursar a universidade quantas vezes quiser,até as 23h59 do último dia de inscrições.
Ou seja, diferente de outros processos seletivos, com este sistema do MEC, é possível saber a posição diante dos outros candidatos e ter mais conhecimento sobre as suas chances de aprovação, antes do anúncio do resultado final.
4. Entenda as mudanças recentes no Sisu
A principal mudança desse sistema de seleção unificada, em 2016, foi o seu critério de desempate, por meio da Lei 13.184, sancionada na época pela então presidenta Dilma Rousseff.
Candidatos que concorrem a mesma vaga de um curso de graduação e apresentem as mesmas notas no ENEM terão a sua renda avaliada.
No caso de empate no processo seletivo, as instituições públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais de um candidato preencher o critério inicial.” – Lei 13.184
Uma alternativa recente oferecida pelo Sisu, e que poucos estudantes conhecem, é que eles podem participar novamente do processo seletivo, mesmo que já tenham sido aprovados para uma vaga em uma universidade na primeira etapa da seleção.
Isso acontece porque muitos deles escolhem um curso, mas não conseguem se adaptar ou não encontram aquilo que esperavam na graduação. Com isso, quem foi para a graduação no primeiro semestre, mas não quer continuar no curso, pode utilizar a mesma nota do ENEM para ingressar em um novo curso ou em uma nova universidade.
Ter um bom desempenho no ENEM é somente o primeiro passo para quem deseja ingressar em uma universidade.
Mesmo com uma reestruturação em vigor desde 2010, esse método de avaliação passou por tantas mudanças ao longo dos anos, que não é incomum se confundir com nomenclaturas ou etapas do processo de seleção.
O Sisu é uma das etapas mais importantes para conseguir a vaga dos sonhos. É nele que o estudante fará a escolha que irá direcionar sua jornada profissional.
A coordenação pedagógica deve ficar atenta a todo o seu funcionamento para garantir que esses estudantes não apenas se saiam bem apenas no “vestibular”, mas também não percam uma grande oportunidade por falta de informação.
5. Outras alternativas
Além do Sisu existem outras opções para que um estudante ingresse na universidade: por meio do ProUni, Fies e Sisutec.
» O Programa Universidade para Todos (ProUni) é um programa de bolsas de estudos integrais ou parciais para ingresso em universidades particulares. O estudante também deve ter feito o ENEM com nota superior a 450 e não ter zerado a redação.
Quem cursou todo o ensino médio na rede pública de ensino ou na rede particular por meio de bolsas também pode conseguir o benefício.
» O Fies é um financiamento estudantil, fornecido pelo Governo Federal, que cobre integralmente a graduação.
Para participar, a instituição de ensino precisa ter avaliação positiva no MEC e o estudante deve cobrir alguns pré-requisitos, como: ter renda mensal de até 2,5 salários-mínimos por membro da família, ter participado de alguma edição do ENEM, desde 2010, ter obtido nota superior a 450 e não ter zerado a redação.
» O Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica, ou Sisutec, é para aqueles que concluíram o ensino médio em rede pública ou por meio de bolsas em escolas particulares, fizeram o ENEM, e desejam ingressar em cursos de educação profissional tecnológica.
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