"Minha intenção é mostrar que a tarefa do ensinante, que é também aprendiz, sendo prazerosa, é igualmente exigente. Exigente de seriedade, de preparo científico, emocional, afetivo. É uma tarefa que requer de quem com ela se compromete um gosto especial de querer bem não só aos outros, mas ao próprio processo que ela implica. É impossível ensinar sem (...) a valentia dos que insistem mil vezes antes de uma desistência. (...) É preciso ousar para dizer, cientificamente e não bla-bla-blantemente, que estudamos, aprendemos, ensinamos, conhecemos com o nosso corpo inteiro. Com os sentimentos, com as emoções, com os desejos, com os medos, com as dúvidas, com a paixão e também com a razão crítica. (...) É preciso ousar para permanecer ensinando por longo tempo nas condições que conhecemos, mal pagos, desrespeitados e resistindo ao risco de cair vencidos pelo cinismo. É preciso ousar, para dizer não à burocratização da mente a que nos expomos diariamente (...)". Paulo Freire (1921-1997)
Assumir a responsabilidade pelo ensino é uma ousadia. Ensinar é uma tarefa complexa e muitas vezes feita de modo solitário. Com base no estudo das didáticas específicas, diferentes pesquisadores (Robert, 2004; Goigoux, 2007) mostram a necessidade de entender a atividade docente como um trabalho e de reconhecer que nele há múltiplas demandas que se entrecruzam. Por um lado, o ato de ensinar supõe um compromisso com a formação e com a atividade intelectual de outros seres humanos, o que requer o estabelecimento de vínculos entre os objetivos do ensino e as finalidades essenciais da Educação. Por outro lado, a lógica do ensino e a da gestão da aula podem entrar em conflito: as decisões dos professores muitas vezes resultam da tensão entre o objetivo de promover a aprendizagem e outros objetivos relevantes para a atividade diária: preservar o afeto de seus alunos, manter a paz na sala, conservar sua motivação, economizar forças...
Ensinar implica não só transmitir conhecimentos e práticas sociais. É também criar condições para que os estudantes se apropriem do projeto do aprendizado e para que se posicionem como produtores do conhecimento. Ensinar exige "conduzir a trajetória intelectual da classe como um todo, sem perder de vista o caminho de cada sujeito singular" (Goigoux, 2007). Como a aprendizagem não é um verdadeiro reflexo do ensino, como cada um se aproxima dos novos conteúdos com base em seus conhecimentos prévios, espera-se que na classe coexistam trajetórias pessoais muito diferentes. Ensinar na diversidade e garantir que todos os alunos aprendam é talvez o maior desafio que os professores enfrentam.
Apesar de sua indubitável complexidade, o ensino, em geral, é concebido como uma atividade solitária. Embora existam experiências em que dois professores dividem o trabalho, o seu alcance ainda é limitado. Também é limitado (quando existe) o tempo no horário escolar para que os educadores se reúnam a fim de planejar ou analisar a prática, discutir e estudar.
Intensificar o trabalho compartilhado entre os colegas dentro e fora da sala de aula parece ser uma condição essencial para que todas as crianças possam se apropriar dos conhecimentos e das práticas que a escola tem a responsabilidade de comunicar1.
Relendo os registros de pesquisas didáticas em leitura e escrita, advertimos que a presença de um participante-observador na classe, que intervém no trabalho, contribui para a aprendizagem, particularmente de quem precisa de mais apoio para avançar. Resultados de pesquisas sobre a leitura para aprender (Aisenberg, 2005; Aisenberg, B., Lerner, D. e outros, 2009; Benchimol e outros, 2008, Espinoza e outros, 2009; Torres, 2008)2 mostram que os textos sobre História e Ciências Naturais levantam problemas cuja resolução exige uma intensa colaboração do professor. Em alguns casos, ela pode ser dada ao trabalhar com o grupo todo ou também acompanhando a discussão em cada subgrupo. E em outros é necessária uma intervenção maior do docente, no trabalho em pequenos grupos, para que todos possam entender o texto que estão lendo. É nesse último caso que seria fundamental haver dois professores na sala de aula.
Enquanto o estado atual de nossos conhecimentos não é suficiente para especificar as características das situações de leitura que requerem um apoio maior, é evidente que essa intervenção é particularmente importante quando o conteúdo e os textos trabalhados representam um desafio conceitual para a turma e também quando a situação consiste em uma ruptura com as práticas didáticas usuais na escola.
Apesar de sua indubitável complexidade, o ensino, em geral, é concebido como uma atividade solitária. Embora existam experiências em que dois professores dividem o trabalho, o seu alcance ainda é limitado. Também é limitado (quando existe) o tempo no horário escolar para que os educadores se reúnam a fim de planejar ou analisar a prática, discutir e estudar.
Intensificar o trabalho compartilhado entre os colegas dentro e fora da sala de aula parece ser uma condição essencial para que todas as crianças possam se apropriar dos conhecimentos e das práticas que a escola tem a responsabilidade de comunicar1.
Relendo os registros de pesquisas didáticas em leitura e escrita, advertimos que a presença de um participante-observador na classe, que intervém no trabalho, contribui para a aprendizagem, particularmente de quem precisa de mais apoio para avançar. Resultados de pesquisas sobre a leitura para aprender (Aisenberg, 2005; Aisenberg, B., Lerner, D. e outros, 2009; Benchimol e outros, 2008, Espinoza e outros, 2009; Torres, 2008)2 mostram que os textos sobre História e Ciências Naturais levantam problemas cuja resolução exige uma intensa colaboração do professor. Em alguns casos, ela pode ser dada ao trabalhar com o grupo todo ou também acompanhando a discussão em cada subgrupo. E em outros é necessária uma intervenção maior do docente, no trabalho em pequenos grupos, para que todos possam entender o texto que estão lendo. É nesse último caso que seria fundamental haver dois professores na sala de aula.
Enquanto o estado atual de nossos conhecimentos não é suficiente para especificar as características das situações de leitura que requerem um apoio maior, é evidente que essa intervenção é particularmente importante quando o conteúdo e os textos trabalhados representam um desafio conceitual para a turma e também quando a situação consiste em uma ruptura com as práticas didáticas usuais na escola.
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