Vai-Vai - Samba-Enredo 2019
Samba-Enredo
É que eu sou da pele preta
Quilombo do povo, sou Vai Vai
Um privilégio que não é pra qualquer um
Protegido e abençoado por ogum
Axé, eu sou a negra alma do Bixiga
Herança que marcou a minha vida
Tem que respeitar minha raiz
O orum vai desvendar toda verdade
Pra resgatar a nossa identidade
Das linhas que a história apagou
África, negra mãe da humanidade
Nas marcas de um passado tão presente
A luta que Mandela ensinou
É a força de lutar por nossa gente
Clamando a justiça de xangô
Ô, inaê, rainha do mar
Alodê, iabá, odoyá
Cuida de mim, mamãe, leva meu pranto
Em seus braços o meu acalanto
Ecoa o grito forte da senzala
Nos olhos brilha um novo amanhecer
Aruanda ê, aruanda
Trago a força de palmares
Pra vencer demanda
A liberdade é minha por direito
Não vamos tolerar o preconceito
Somos todos irmãos
E a luz da razão vai nos guiar
Sorrir, sim, nós podemos sonhar
Pois temos um futuro pela frente
Punhos cerrados
A Saracura está presente
Fonte:
https://www.letras.mus.br/sambas/vai-vai-samba-enredo-2019/
Vai-Vai
"O CORDÃO"
A presença do crioulo na quermesse era marcada principalmente pelo batuque, mas havia também a língua africana. Nessa época, o carnaval de São Paulo se caracterizava por apresentações de grupos de choro e batuque. Esses grupos saíam ás ruas e se encontravam em locais diversos. A eles se juntavam também jogadores de pernada, tiririca ou capoeira.
Em 1914, surgiu o primeiro cordão carnavalesco Barra Funda, onde se encontravam o choro e o batuque para animar o cortejo que começava a se estruturar. O cordão teve grande aceitação popular e logo foram-se formando novos grupos, um deles foi o Vai-Vai, há 70 anos, era conhecida como Saracura parte do Bexiga que ficava às margens do riacho Saracura. Hoje localizada entre as Ruas Rocha e Rui Barbosa.
A Saracura tinha como principal ponto de encontro o Largo São Manoel, (hoje o cruzamento da Rua Rocha a Rua Una). Ali perto ficava o campo de futebol do Luzitana. Nos fins da década de 20, o outro time do bairro, o Cai-Cai, branco e preto tinha um grupo de choro.
Esse grupo organizava festas geralmente freqüentadas por um grupo de "penetras" liderados por Livinho e Benedito Sardinha. Esses "penetras" foram se tornando cada vez mais notados e talvez, por ironia em relação ao Cai-Cai, ficaram conhecidos como a turma do "Vai-Vai".
Os "penetras" resolveram então formar seu próprio conjunto e assumir o nome de Vai-Vai. E logo o grupo se organizou, mas voltado para o batuque e carnaval. Já no Sábado de Carnaval de 1930, lançava o bloco dos esfarrapados que sairia, por muitos anos, da própria casa do Sardinha, na rua Rocha, 547, em frente ao campo do Luzitana. No ano seguinte (1931), além do bloco, sairia também da casa do Sardinha o "Grupo Carnavalesco Vai-Vai". Era o primeiro ano do Cordão que adotou como data oficial de fundação o dia 1 de Janeiro de 1930 e escolheu para suas cores o branco e preto, provavelmente em decorrência de rivalidade ou, mesmo, de simpatia em relação ao Cai-Cai.
Quando se formou o Vai-Vai, os cordões já tinham uma estrutura definida. A coroa passou a fazer parte do símbolo do Vai-Vai, isto por que era costume entre os negros da época se tratarem como meu Rei, os ramos de café passou a acompanhar a coroa pelo fato de na época ser um ícone do crescimento econômico do Estado de São Paulo.
A atividade carnavalesca se juntou ao futebol e o grupo passou a se chamar "Cordão Carnavalesco e Esportivo Vai-Vai", e assim permaneceu até 1972 quando se transformou no "Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Vai-Vai". Sempre no Bexiga, sempre Saracura onde nasceu. Por isso o Vai-Vai se envaidece até hoje do título "Orgulho da Saracura", eternizado em um dos seus sambas mais antigos - "Que Barulho...", de autoria do inesquecível Tino.
"NASCE A ESCOLA DE SAMBA"
Em 1966, o Vai-Vai saí com seu primeiro enredo. A partir daí, começou, como os outros cordões, a se aproximar da escola de samba. Foi criado o samba-enredo, grande parte das comissões de transformaram em alas, apareceram os primeiros carros alegóricos, surgiu o mestre sala acompanhando a porta-estandarte.
Todos os enredos apresentados pelo Vai-Vai cordão, tratavam da história do Brasil, daí a identificação do "reinado" tradicional com a corte portuguesa. Em 1968, foi oficializado o regulamento de carnaval, tornando, assim, mais rígida a organização dos desfiles. Nessa época existiam apenas 3 cordões - Camisa Verde e Branca, Fio de Ouro e Vai-Vai e 30 escolas de samba que constituíam 2 categorias de concurso, Cordões e Escolas.
Embora o Camisa e o Vai-Vai fossem as maiores agremiações em número de componentes, foram sentindo a necessidade de se transformar em escolas e concorrer com um maior número de entidades.
Assim, o Camisa foi o primeiro a se decidir pela nova estrutura. Foi seguido pelo Fio de Ouro e o Vai-Vai que estimularam a se transformar também. Os 3 cordões desfilaram pela primeira vez como escolas de samba em 1972. Neste ano a estrutura do Vai-Vai foi totalmente modificada. Na bateria foram introduzidos instrumentos leves como tamborim, pandeiro, cuíca, etc.
O andamento e a batida do samba tornaram-se mais leves e com mais balanço. O estandarte deu lugar a bandeira. Nasceram a comissão de frente, a ala das Baianas e as alegorias de mão. As fantasias perderam seu peso tradicional. Surgiu o criolé (Criado por Otávio), como um novo símbolo que passou a acompanhar o Vai-Vai tanto nas glórias quanto nas dificuldades. Aliás, mais glórias que tristezas!
Em 1993 o G.R.C. Escola de Samba Vai-Vai recebe uma nova Dinâmica. No ano de 1993 assume a presidência do G.R.C.E.S. Vai-Vai o Sr. SOLON TADEU PEREIRA, o que muitos não poderiam imaginar é que o seu trabalho se tornaria benéfico não só para o Vai-Vai como também para o samba paulista.
Aos poucos com seu trabalho árduo e com muita dificuldade foi transformando a escola de samba em uma potência ao ponto de hoje ser considerada uma grande empresa que tem como objetivo maior, fortalecer cada vez mais a cultura do nosso País, e o primordial, cuidar de uma comunidade que necessita de muito carinho e apoio.
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