Como organizar o conteúdo? O que fazer em relação às competências gerais? Veja respostas para essas e outras questões
Com a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), muitos professores ainda podem estar se perguntando como devem pensar e aplicar os eixos e conteúdos no planejamento de suas aulas. Os conceitos matemáticos, por exemplo, agora dão lugar a uma nova forma de pensar a Matemática e suas habilidades como um todo.
A formação do pensamento complexo da Matemática é, segundo Maria Ignez Diniz, diretora do Mathema e assessora de diversas redes de ensino, um dos principais ganhos trazidos pela BNCC. É importante, porém, pensar a Base também como um documento que guia o professor e que não tem por objetivo engessá-lo em suas escolhas. "É quase um equívoco olhar para a Base como uma lista de conteúdos que o professor precisa checar. A Base é mais do que isso, é um discurso novo focado no desenvolvimento de habilidades de pensar", afirmou Maria Ignez no primeiro aulão de Matemática de NOVA ESCOLA transmitido pelo Facebook (confira o vídeo completo ao final da página).
Em Matemática, a BNCC propõe cinco unidades temáticas, correlacionadas, que orientam a formulação de habilidades a serem desenvolvidas ao longo do Ensino Fundamental. São elas: números, álgebra, geometria, grandezas e medidas e probabilidade e estatística. A seguir, veja as dicas de Maria Ignez Diniz para planejar melhor as aulas de Matemática, alinhadas à BNCC.
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1. Parâmetros x BNCC
Segundo a diretora do Mathema, é importante identificar as principais diferenças dos parâmetros que eram estabelecidos no passado e o olhar que a Base traz atualmente. "No passado os parâmetros focavam em inserir as pessoas no mundo do trabalho, já a Base propõe um letramento da Matemática mais reflexiva e em uma maior variedade de contextos”, diz.
2. Devo contemplar todos os eixos temáticos toda semana?
Uma dúvida comum dos professores é entender de que forma os eixos temáticos poderão ser trabalhados em sala de aula. Para Maria Ignez Diniz, pensar e planejar os conteúdos de forma complexa é o primeiro passo proposto pela Base. "Na hora de montar esse cronograma é essencial fazer cruzamentos dos eixos, já que eles conversam entre si", diz. Na prática, fazer o aluno entender como as habilidades funcionam é mais interessante para fazê-lo desenvolver um pensamento crítico do que o modelo tradicional.
3. Como organizar o conteúdo dado em sala de aula x ano letivo
A periodicidade dos conteúdos – semestral e bimestral, por exemplo – depende do planejamento dos professores e de qual série o aluno está matriculado. Além disso, a organização das aulas deve ser feita por habilidade e não por conteúdo. Segundo Rodrigo Blanco, matemático e autor de materiais didáticos, é essencial fazer cruzamento de eixos, já que eles conversam entre si. Pensar em atividades que possam integrar esses eixos temáticos também pode ajudar o aluno a entender como cada habilidade funciona. "Não precisa variar cada aula para cada eixo temático", afirma.
4. Competências gerais x competências específicas
"O professor precisa preparar uma aula na qual o foco do pensamento seja imaginar como o aluno vai saber fazer aquilo que estava proposto em uma atividade", explica o professor Rodrigo Blanco. Nesse sentido, os conceitos de habilidades, competências gerais e competências específicas, noções presentes na BNCC, trabalharão de forma conjunta e devem ser pensadas previamente pelo professor.
De acordo com o texto da BNCC, as competências gerais podem ser definidas como a "Mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho".
5. Fórmulas e conceitos matemáticos com a BNCC
As diferenças trazidas pela BNCC para a disciplina matemática podem ser notadas inicialmente nas palavras encontradas para descrever objetivos e habilidades. Antes, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), havia palavras como "identificar" e "reconhecer". A Base usa "interpretar" e "comparar”. Isso reforça o intuito do documento em levar o aluno a refletir e não apenas memorizar fórmulas e conceitos. A importância agora está em saber contextualizar e entender as fórmulas e seus desdobramentos, não apenas memorizá-los.
6. O aluno tem que ser protagonista
Diferentemente do modelo tradicional, em que o professor dá aulas expositivas e o aluno busca gravar conceitos para aplicá-lo na lição de casa, a Base prevê que o aluno seja protagonista da aula. O primeiro passo é o professor planejar suas aulas pensando nesse modelo. "O importante não é mais a fórmula em si, mas saber que existe uma série de problemas que podem ser modulados com essas equações", afirma Rodrigo Blanco, consultor do Guia de Matemática de NOVA ESCOLA.
7. Como encarar a Base
"Não é o conteúdo em si, mas a forma como ensinamos", diz Maria Ignez Diniz, diretora do Mathema. A expectativa da Base é fazer com que o aluno compreenda a Matemática em diferentes situações. Encontrar exemplos do cotidiano, como explicar a probabilidade a partir do funcionamento da loteria ou partir de situações-problema são novas formas que poderão ser usadas pelos educadores.
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