“A questão da avaliação também se
apresenta como um problema a ser enfrentado. Está claro para os professores
que, numa proposta em que os objetivos, os conteúdos e a metodologia se
redefinem, a avaliação não pode continuar se restringindo à mera aplicação de
provas e testes, mas deve utilizar-se de um amplo espectro de indicadores. Como
fazer isso?
O primeiro ponto que logo fica
claro é o de que os objetivos destacados para o trabalho com esse tema exigem
formas variadas e não convencionais de avaliação.
Para avaliar se os alunos
sentem-se seguros de sua capacidade de fazer matemática, sentem-se capazes de,
a partir de algumas informações, decifrar escritas numéricas de sistemas ainda
desconhecidos, pode ser proposta, por exemplo, uma atividade em que o desafio
seja descobrir, a partir de um conjunto de informações e exemplos dados, as
regras do sistema chinês de numeração.
A valorização da Matemática, em
particular dos sistemas de numeração antigos e do indo-arábico, é um objetivo
que pode ser avaliado a partir de um relatório feito pelos alunos, a propósito
de um vídeo a que todos tenham assistido, como o que conta a história de
Leonardo Fibonacci.
Já o raciocínio matemático
presente na compreensão das técnicas operatórias e em problemas envolvendo as
várias ideias dessas operações pode ser avaliado por meio de um jogo em que os
alunos, dois a dois, propõem problemas para que o outro o resolva e o próprio
proponente avalia a validade ou não da resolução do colega”.
Geometria:
Como estimar o valor das
produções elaboradas pelos alunos, tais como: maquetes, poliedros, corpos
redondos, entre outros. “Tudo indica que uma grande dose de subjetividade deve
entrar em ação. Esse fato traz a questão da subjetividade à pauta das
discussões e a conclusão de que ela é um elemento fundamental na avaliação.
Fica clara a importância de se utilizarem provas escritas como
elementos da avaliação, mas não como único elemento. As provas precisam ganhar qualidade. Não podem se resumir àqueles exercícios
de mera cobrança de nomenclatura, de fórmulas – que exigem muita memorização e
mecanização e pouca compreensão. Problemas criativos e interessantes, possíveis
de serem resolvidos pelos alunos durante um período de tempo, devem ser selecionados
e discutidos pelos professores antes de sua aplicação.
A correção das provas também
merece atenção e, em vez de simplesmente, anotar-se o tradicional “certo ou
errado”, é importante que se proceda a uma análise mais detalhada, pelo menos
para uma das questões da prova.
O tema “Números mágicos” abre
possibilidades de levar o aluno a reconhecer, descrever e criar padrões pela
observação de regularidades. Ao incentivá-lo a buscar padrões e a expressá-los
matematicamente, criam-se condições para que comece a compreender como a
Matemática se relaciona com o mundo em que vivemos, além de desenvolver a
capacidade para classificar e organizar informações. Outra rica possibilidade
consiste em colocá-lo em contato com a ideia de elaborar conjecturas – muito presente
na construção da própria Matemática – como também de conhecer conjecturas “famosas”
(como a de Golbach).
A propósito de conjecturas, ao
pensar na avaliação desse tema, os professores podem propor que os alunos
elaborem uma espécie de diário matemático. Nesses diários eles registram suas
descobertas, pensamentos, conjecturas, observações, representações esquemáticas
sobre os assuntos debatidos. O trabalho com esse diário permite a alunos e
professores a realização de debates fecundos além de poder se constituir num
dos instrumentos usados na avaliação.
Observa-se nesse trabalho que, ao
relacionar padrões que ocorrem nos campos numérico, geométrico e métrico, os
alunos podem começar a estabelecer conexões entre diferentes campos matemáticos,
desenvolvendo o tipo de pensamento matemático que serve de base para as ideias mais
abstratas da Matemática. Um outro aspecto interessante a ser destacado é a
possibilidade de os alunos observarem que há problemas abertos em Matemática,
como os que se referem à determinação de números primos.”
Fonte: Currículos de matemática:
da organização linear à ideia de rede. Pires, Célia Maria Carolino, São Paulo:
FTD, 2000.
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