"Às vezes, sinto que falta clareza quanto ao papel que nós, coordenadores pedagógicos, desempenhamos nas escolas. Não se trata de uma realidade isolada, mas de um sentimento coletivo compartilhado por vários colegas de atuação, não é mesmo? Isso pode gerar desconforto pessoal e até mesmo certos entraves na dinâmica de trabalho. No que se refere aos alunos, o problema é ainda pior. Podemos ser vistos como “fiscalizadores”, “perseguidores”, “ditadores” – o que me assusta bastante.
Não são estes os papéis que nos cabem. Portanto, é importante refletir sobre as ações que devemos desempenhar no acompanhamento do processo de aprendizagem das crianças.
Em primeiro lugar precisamos estabelecer que é o nosso papel realizar o acompanhamento pedagógico, o que não exclui a participação de outros atores no processo (orientadores, diretores e vice-diretores, por exemplo). Porém, a responsabilidade final quanto à organização e a gestão dos dados referentes à aprendizagem precisa estar centrada na figura do coordenador pedagógico que compartilha suas observações e necessidades com a direção e supervisão da escola.
Para isso, é preciso estar próximo da realidade das salas de aula, ter registros de acompanhamento e devolutivas, organizar reuniões com foco na aprendizagem e promover boas situações formativas. Sendo assim, é necessário deixar de fazer o que não compete às nossas atribuições, ou seja, estabeleça prioridades e diga “não” quando for preciso.
Acompanhe as turmas
Tanto na Educação Infantil como no Ensino Fundamental é necessário conhecer a realidade das turmas que acompanhamos, quais crianças precisam de mais atenção ou até mesmo de adaptações para que avancem em seu processo de aprendizagem. Para me aproximar da sala de aula, organizo observações de sala agendadas previamente com os professores, acompanho periodicamente os cadernos e portfólios dos alunos e o planejamento do professor. Além disso, também coordeno as reuniões de conselho.
Identifique os problemas para resolvê-los
Organizo planilhas eletrônicas nas quais insiro dados relevantes quanto as orientações que dei aos professores, as conversas que fiz com os familiares, os avanços ou as dificuldades constatadas. As planilhas permitem que eu não deixe nenhum aluno “para trás”, além de retomar o que já foi feito caso a caso.
Pensando em ter um olhar “macro” para a escola, busco estabelecer e acompanhar - em parceria com os professores - indicativos que permitam mapear a realidade geral da Unidade Escolar. Os indicativos podem ser os objetivos de aprendizagem para o trimestre ou ainda os objetivos anuais para cada turma, por exemplo. Com o mapeamento destes dados, consigo estabelecer prioridades para saber onde devo atuar com maior urgência no que se refere às ações formativas. Na escola onde trabalho, por exemplo, algumas questões referentes à produção e revisão de textos foram constatadas como urgentes e estes temas foram eleitos nossas prioridades. Afinal, coletar dados de nada adiantaria se não estabelecêssemos um plano de ação, com estratégias viáveis e práticas pensadas para solucionar os problemas identificados.
Dê feedbacks
Ofereço devolutivas aos professores, apresentando periodicamente os dados levantados. O que é específico de um profissional, é conversado com ele em momentos formativos – momentos nos quais também ofereço materiais teóricos que possam ajudá-lo na prática. Já o que precisa ser abordado de maneira coletiva vira pauta de HTPC, reuniões onde podemos juntos estudar o que todos nós (ou a maioria) precisamos. Nestas reuniões é bem-vindo o compartilhamento de práticas pedagógicas, o que favorece a troca de experiências entre a equipe.
A nossa atuação na coordenação pedagógica tem, portanto, propósito formativo. Ou seja, é nosso papel apoiar os professores, baseando nossas ações, formações e orientações em estudos e teorias atuais coerentes com a concepção prevista no PPP da escola.
Fico feliz e realizada quando sinto que a equipe compreende o meu papel na escola e me vê como parceria, incentivadora e promotora de boas discussões e reflexões formativas. Mas essas percepções não são permanentes, mas fazem parte de um processo contínuo construído dia após dia. Para que esse processo aconteça, é preciso muita reflexão, autoavaliação e coerência na atuação profissional de todos nós, coordenadores."
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