sábado, 20 de maio de 2017

Estudando e pesquisando sobre NEUROCIÊNCIA

As funções executivas

Antes de falar da síndrome disexecutiva, temos de discorrer sobre as funções executivas.

As funções executivas são o que o famoso neuropsicólogo russo Alexandr Romanovich Luria (link), e posteriormente seu aluno, Elkhonon Goldberg, chamam de o que nos fazem civilizados, humanos por assim dizer. A história humana desenrola-se na dependência das funções executivas. 

Mas, você pode argumentar, a linguagem nos torna humanos, correto? Bem, há modos de ver isso, já que linguagem não é uma característica exclusivamente humana, pois vários outros animais comunicam-se, de um jeito ou de outro. Por certo a linguagem verbal, por meio de palavras articuladas em frases, é humano, mas gatos possuem sua própria linguagem que é entendida entre si, os cães do mesmo modo, e assim vai até os primatas superiores antes do homem, ou seja, os grandes macacos, como os chimpanzés e os orangotangos. 

Agora, responda-me, qual animal planeja suas ações, organiza sua agenda, abstrai o mundo ao seu redor, mantém a atenção ou alterna o foco de atenção de acordo com seu interesse, mantém uma mente de tal modo flexível que consegue resolver um problema igual de vários modos diferentes? Todas estas são funções executivas. O único animal que consegue desenvolver a história em torno de si, e para isso necessita  estas funções citadas acima, é o homem.

As funções executivas relacionam-se com o planejamento de ações, com o que chamamos de memória operacional, ou seja, a capacidade de manter algo em mente tempo suficiente para ser usado em uma tarefa imediata (como guardar um número de telefone para ser discado), e ainda com a atenção, tanto a sustendada (quando temos de manter a atenção em algo mesmo com distrações ao nosso redor) como a alternância de atenção entre objetos (como por exemplo, o ato de ler um livro e andar por um caminho tortuoso, ao mesmo tempo), a resolução de problemas, o que envolve atençãoraciocínio (outra função executiva), abstração (outra função executiva, também, sendo esta a capacidade de imaginar uma situação ou algo não concreto a partir de pistas), inibição de respostas não desejadas a uma determinada situação ou de comportamentos inapropriados a uma certa situação, flexibilidade mental (a capacidade que temos de resolver um problema de vários modos diferentes, o que demontra também nossa capacidade de atenção, raciocínio lógico e abstração) (ufa!!). Ah, nossa personalidade e nosso caráter (há controvérsias, mas deixemos elas de lado) são armazenadas aqui também. 

As áreas cerebrais relacionadas às funções executivas são os lobos frontais, a parte mais anterior do cérebro.

Observe abaixo:

http://www.memorylossonline.com/glossary/images/frontallobe.jpg
O homem é o animal com o lobo frontal mais desenvolvido na natureza, o que explica nossa maior habilidade social, comunicativa e nossa maior inteligência (apesar de algumas pessoas não usarem ele muito, não é mesmo?). Observe abaixo uma comparação dos lobos frontais de alguns animais e do homem:

http://c431376.r76.cf2.rackcdn.com/25631/fnint-06-00036-HTML/image_m/fnint-06-00036-g003.jpg

O lobo frontal divide-se em várias sub-regiões. Observe abaixo:

http://ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-S1364661308000612-gr1.jpg
Nesta figura, você vê o lobo frontal subdividido em suas sub-áreas. As regiões relacionadas às funções executivas são principalmente os córtices (plural de córtex é córtices) pré-frontais, dorsolateral e ventrolateral. Observe que a área motora, em azul escuro na figura, fica no lobo frontal, vindo logo depois o lobo parietal.


"De maneira mais resumida podemos dizer que são habilidades que possibilitam a criação de novos padrões de comportamentos e formas de pensar especialmente em situações não rotineiras."

Fonte: Oficina CAEM/USP

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