POR:
Muriele Massucato
Olá colegas, tudo bem?
Sabemos o quanto os conflitos entre as nossas crianças desestabilizam os professores, que, por muitas vezes, veem a sala da coordenação pedagógica como uma tábua de salvação. Muitos encaminham os alunos aos coordenadores na esperança de que os problemas sejam plenamente resolvidos.
É compreensível que os docentes recorram a esse expediente, uma vez que eles já têm muitas demandas e preocupações em sala de aula. Porém, cabe aqui ressaltar que mandar o caso para a coordenação deve ser a última ação. Isso porque há meios para que o próprio educador medeie os conflitos que surjam durante a aula. E o nosso papel, como coordenadores, não é o de resolver esses desentendimentos, mas de dar apoio ao professor para que ele se sinta preparado e fortalecido para lidar com problemas assim.
Por isso, precisamos abordar a mediação de conflitos em encontros de formação, conscientizando a equipe acerca do processo de construção da autonomia moral e do próprio conceito de conflito, algo que precisa ser visto como parte do desenvolvimento das crianças. Os professores precisam compreender que momentos de embate são inevitáveis. O essencial é que as crianças participem da resolução deles.
Após um incidente na sala de aula, é comum que algumas famílias procurem à escola para que os pais dos envolvidos, junto com a coordenação e direção da escola, resolvam o problema em uma reunião de adultos. Já vivenciei isto muitas vezes! Mas a reflexão que eu deixo aqui é a seguinte: o que ensinamos às crianças quando os conflitos que geram são sempre resolvidos por terceiros? Não podemos tirar das crianças o direito ao aprendizado da boa convivência! Neste sentido, é papel da escola mediar os conflitos com clareza, ética e profissionalismo, corresponsabilizando os pequenos e envolvendo-os na busca de soluções.
Tenho lido muito a respeito desse assunto para preparar uma formação com o meu grupo de professores, e nessa pesquisa encontrei um livro muito interessante, do professor da USP Ulisses Araújo, grande referência no estudo das assembleias escolares. A obra chama-se Autogestão na sala de aula: as assembleias escolares. Em um dos trechos, Ulisses diz algo muito interessante: ao longo da vida de estudante, recebemos uma formação mais focada no mundo exterior do que em nós mesmos. Para ele, “a escola que conhecemos tem seu grau de responsabilidade nesse processo que ignora a importância das relações interpessoais e dos conflitos para formação integral dos seres humanos”. E isso precisa mudar.
Cabe, portanto, ao coordenador pedagógico propor ao professor essa mudança de postura. Não significa deixá-lo vítima de um contexto de conflito ou indisciplina, mas de levá-lo a refletir sobre o seu papel enquanto educador.
No próximo post, vou abordar a estratégia das assembleias escolares como uma proposta de mediação dos conflitos, prática que é o foco da minha sequência formativa na escola. Não percam! Até lá, deixem suas experiências e contribuições, combinado?
Até a próxima! Um abraço,
Muriele Massucato.
Comentário: concordo plenamente com todas observações feitas nesta publicação, já estive na Coordenação Pedagógica e entendo que um pedido de ajuda de um Professor não deve ser ignorado. O Professor precisa ser ouvido com relação as suas angústias em sala de aula, ele é humano e há ações e reações que precisam de orientação de quem assumiu uma função e observa a sala de aula de outro prisma. Todos possuem demandas e as escola precisa diminuir seu papel burocrático e investir na escuta ativa para que deve fato o saber pedagógico seja valorizado.
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