ENSINANDO AUTONOMIA AO SEU FILHO AUTISTA
Um preocupação recorrente de pais e cuidadores de crianças com TEA é que estas crianças não consigam atingir a devida autonomia num futuro próximo. Realmente, um dos grandes desafios a priori é capacitar a criança com TEA neste sentido pois apresentam problemas sensoriais, atos repetitivos e estereotipados e atrasos na comunicação que restringem o desenvolvimento de habilidades que serão essenciais para autonomia. Além disto, 40-50% das crianças com TEA apresentam Deficiência Intelectual o que intensifica ainda mais sua dependência para qualquer tipo de atividade.
Portanto, o primeiro passo em direção à autonomia é o diagnóstico precoce do TEA que vai permitir tomar medidas de intervenção também precoces nos seus atrasos de desenvolvimento e modelação de seus comportamentos pouco funcionais. Quanto mais tarde as intervenções, mais atrasada ficará a correção de habilidades ainda não atingidas por esta criança e mais estreita a aquisição de novas habilidades para se adaptar a desafios sociais do meio.
Outro caminho muito importante é ajudar esta criança a reduzir suas estereotipias e ecolalias e auxiliá-la a construir ações e formas de comunicação mais funcionais e com objetivo social e contextual. Aos poucos, deve-se interromper os comportamentos repetitivos e desviar sua atenção para situações sequenciais e para tarefas que envolvem cumprir rotinas e regras do cotidiano e compartilhar experiências. A propósito, a escola tem papel essencial neste processo pois permite que espontaneamente a criança com TEA conviva com outras crianças e seja induzida a presenciar e memorizar as mais diversas interações.
Ensinar pacientemente e esperar que esta criança imite gestos e formas de persuasão ajuda-a a aprender a ter reciprocidade e a dar continuidade às tarefas sociais. Neste sentido, modelos de intervenção comportamental são essenciais e tem no seu bojo a estratégia de trabalhar contingenciamento e reforço positivo observando a influência e fatores do ambiente nas reações da criança a fim de que o controle externo leve a modificação positiva de comportamentos antes insuportáveis ou desconectados da realidade. O uso do ABA (Applied Behaviour Analysis) e do PRT (Pivotal Response Treatment), por exemplo, são modelos comportamentais que permitem, de forma sistemática e formal, remodelar ações de pessoas com TEA direcionando-as para a busca progressiva da autonomia.
A utilização de figuras, desenhos e/ou fotos (photovoice) como instrumentos visuais de comunicação podem facilitar o acesso deste jovem `a aprendizagem de sequências e compreensão de rotinas e conceitos. Autistas costumam ter excelente memória para rotinas quando as aprendem visualmente e podem adquirir capacidade autônoma de cumprí-las com mais precisão.
O principal objetivo destas estratégias acima é permitir que a criança consiga cumprir atividades de vida diária (AVD’s) comuns e rotineiras sem que os pais estejam constantemente presentes. Saber se vestir, despir-se, alimentar-se, banhar-se, organizar seu quarto, escovar os dentes pode ser sofrido e pouco atraente para autistas e é muito importante apresentá-los de uma forma agradável e que resulte em pequenas recompensas para aumentar o engajamento espontâneo.
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