“Na qualidade de seres humanos interpretamos e narramos nossas vidas e experiências segundo nossos valores e crenças, os quais, por sua vez, variam de acordo com o tempo e o lugar que ocupamos na sociedade. As histórias que contamos são o meio pelo qual tentamos capturar e traduzir a complexidade e as múltiplas relações que atravessam nossas experiências”. Para Brunner (1991), “as narrativas nos ajudam a produzir uma versão da realidade, e sua aceitação depende mais da convenção, necessidade e dos sentidos que atribuímos a ela do que de sua verificação empírica ou de seus requisitos lógicos”. Ou seja, o significado da narrativa corresponde “ao modo como a narrativa opera como instrumento do pensamento ao construir a realidade”.
“Mas, segundo Vygotsky (1991), esse processo de significação é mediado pela linguagem. Embora as palavras venham carregadas de significado, somente o discurso é prenhe de sentido. Isso porque a linguagem falada e escrita assume significado somente pelo uso social”. (Galvão, 2005)
“Para Galvão (2005), no processo da narrativa podem-se identificar pelo menos cinco níveis de representação da experiência vivida”:
(...) “dar sentido, contar, transcrever, analisar e ler. E poder-se-ia, ainda, acrescentar interpretar, uma vez que quem lê, necessariamente dá um novo sentido ao texto, de acordo com suas vivências e referências”.
“Cândido (2001) ressalta a importância da utilização de diferentes recursos de comunicação no ensino e aprendizagem de matemática, destacando a oralidade, as representações pictóricas e a escrita como importantes para propiciar a expressão das ideias matemáticas”.
“As narrativas representam um modo bastante fecundo e apropriado de os professores produzirem e comunicarem significados e saberes ligados à experiência. As narrativas fazem menção a um determinado tempo (trama) e lugar (cenário), onde o professor é autor, narrador e protagonista principal. São histórias humanas que atribuem sentido, importância e propósito às práticas e resultam da interpretação de quem está falando ou escrevendo. Essas interpretações e significações estão estritamente ligadas as suas experiências passadas, atuais e futuras”. (Fiorentini, 2006)
“Segundo Clandinin (1993), o professor, ao narrar de maneira reflexiva suas experiências aos outros, aprende e ensina. Aprende, porque, ao narrar, organiza suas ideias, sistematiza suas experiências, produz sentido a elas e, portanto, novos aprendizados para si. Ensina, porque o outro, diante das narrativas e dos saberes de experiências do colega, pode (re)significar seus próprios saberes e experiências”:
“Quando nós ouvimos as histórias dos outros e contamos a nossa própria, nós aprendemos a dar sentido às nossas práticas pedagógicas como expressões do nosso conhecimento prático pessoal, que é o conhecimento experimental que estava incorporado em nós como pessoas e foi representado em nossas práticas pedagógicas e em nossas vidas”.
Fonte destes Recortes: Maria Teresa Menezes Freitas, Dario Fiorentini. Internet.
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