Planejar junto com os professores, acompanhar as aulas, sugerir outras possíveis metodologias são funções que se espera que o coordenador desempenhe. Até aí, tudo bem, porque podem se construir grandes parcerias entre professor e coordenador. Mas se a partir do acompanhamento, o coordenador percebe que o professor está equivocado na metodologia que emprega, na forma com que se relaciona com os alunos ou na expectativa em relação ao desempenho dos alunos, por exemplo, e não aceita suas sutis observações, então é hora de mudar a conversa.
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Nestes momentos, creio que sempre estamos num lugar frágil e delicado, porque o coordenador deve dizer ao professor o que pensa, mas de uma maneira positiva. Em outro texto que escrevi e foi publicado neste blog, uma pessoa deixou um comentário que me tocou profundamente. Dizia mais ou menos assim: “Um mau coordenador pode destruir um professor”.
Refleti muito sobre esta frase porque nunca quero estar neste lugar de “mau coordenador” – mas também preciso fazer meu trabalho e nem sempre é fácil e tranquilo falar com os professores. Então o que fazer? E como fazer?
Em nossa escola, temos reuniões semanais de toda equipe gestora (diretor, vice-diretor, coordenador de Anos Finais e anos Iniciais e orientador educacional) e nestes encontros todos trazemos pautas para discutir. Quando um fato como esse acontece comigo (de ter de falar seriamente com o professor para mudar o que não funciona em sala de aula), coloco em pauta na reunião e discutimos juntos o problema que identifiquei, a necessidade de fazer uma intervenção e depois a estratégia a ser utilizada. Fica estabelecido também quem acompanhará a conversa, pois o coordenador não precisa estar sozinho nessa ação.
Acredito que cada situação é diferente, então não tenho dicas de como agir em todas as situações em que vocês, coordenadores, se encontram. Porém, creio que poderia trazer alguns pontos importantes para pensar.
Acompanhar um professor não é só saber se ele entrega a papelada em dia, chega no horário ou cumpre as regras. Para acompanhar adequadamente, o coordenador precisa visitar a sala de aula, ler o planejamento, ver o resultado das avaliações, antes de emitir alguma opinião sobre o trabalho do professor. Precisa compreender qual a metodologia usada pelo professor, qual a eficácia dela com os alunos e verificar como ele reage ao auxilio no planejamento. Isso leva tempo, principalmente se o coordenador ou o professor são novos na escola ou na função.
Sempre é bom ter em mente a frase que citei antes e ter cuidado ao emitir julgamentos sobre os professores, principalmente para quem não é da equipe gestora, ou seja, outros professores, pais, colegas. Uma avaliação mal feita e um julgamento apressado podem comprometer seu trabalho e a reputação do professor. Além do mais, o coordenador não é o dono da verdade, nem tem todas as respostas.
Quando você tiver certeza de que existem intervenções que devem ser feitas, é chegada a hora de dividir tudo com sua equipe. Neste momento, você deve trazer tudo o que observou, explicar como obteve esses dados e como foram as conversas com o professor. As seguintes ações devem ser planejadas em conjunto.
Na escola, encontramos os mais diversos tipos de pessoas e, assim, os mais diversos tipos de professor, desde os mais qualificados pedagogicamente aos que parecem achar que ser professor é algo que desperta dentro da gente como o instinto materno, e não se preocupam em estudar, repetindo tudo como “era no meu tempo”. Independentemente disso, todos merecem respeito e profissionalismo no trato.
Quando temos uma situação com muitos pontos a serem discutidos, é importante que o coordenador escolha um problema de cada vez. Quando tratar do assunto, o coordenador deve ter um grande arsenal de sugestões, até mesmo sequências didáticas prontas para aqueles que não sabem como planejar. Todas as propostas devem ter retorno e avaliação posterior em nova conversa.
Os coordenadores devem saber que é preciso muita paciência e determinação, porque no frigir dos ovos quem está sendo prejudicado são os alunos. E os alunos devem ter seus direitos de aprendizagem garantidos, independentemente da falta de entendimento entre os adultos. Isso é uma coisa que deve estar sempre clara nas conversas. As mudanças devem acontecer para beneficiar a melhor aprendizagem da turma. Então, quando for detectado que os alunos estão sendo prejudicados, não pode haver muito espaço para a negociação.
Mantenha registros escritos e assinados pelas partes de todas as conversas realizadas. Uma das funções do coordenador é colaborar para a avaliação dos professores – e para aqueles que estão em estágio probatório, isso é muito importante.
Por fim, lembre-se de outro texto que eu escrevi: “Coordenador, você não sabe de nada” e elabore uma linha de atuação para você mesmo, sempre dentro do respeito pelo outro. Pode ser muito gratificante quando coordenador e professor chegam a um entendimento e realizam grandes projetos. Boa sorte!
Quando ficar claro que os alunos estão sendo prejudicados, o coordenador deve intervir para garantir a aprendizagem
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