“Conflito é toda opinião
divergente ou maneira diferente de ver ou interpretar algum acontecimento. A
partir disso, todos os que vivemos em sociedade temos a experiência do
conflito. Desde os conflitos próprios da infância, passamos pelos conflitos pessoais
da adolescência e, hoje, visitados pela maturidade, continuamos a conviver com
o conflito intrapessoal (ir/não ir, fazer/não fazer, falar/não falar,
comprar/não comprar, vender/não vender, casar/não casar etc.) ou interpessoal,
sobre o qual nos deteremos. São exemplos de conflito interpessoal a briga de
vizinhos, a separação familiar, a guerra e o desentendimento entre alunos.”
(CHRISPINO; CHRISPINO, 2002).
“Um exemplo claro da dificuldade
que temos para lidar com o conflito é a nossa incapacidade de identificar as
circunstâncias que derivam do conflito ou redundam nele. Em geral, nas escolas
e na vida, só percebemos o conflito quando este produz suas manifestações
violentas. Daí podemos tirar, pelo menos, duas conclusões: a primeira é que se
ele se manifestou de forma violenta é porque já existia antes na forma de divergência
ou antagonismo, e nós não soubemos ou não fomos preparados para identificá-lo;
a segunda é que toda a vez que o conflito se manifesta, nós agimos para
resolvê-lo, coibindo a manifestação violenta. E neste caso, esquecemos que
problemas mal resolvidos se repetem!”
(CHRISPINO; CHRISPINO, 2002).
“O conflito começa a ser visto
como uma manifestação mais natural e, por conseguinte, necessária às relações
entre pessoas, grupos sociais, organismos políticos e Estados. O conflito é
inevitável e não se devem suprimir seus motivos, até porque ele possui inúmeras
vantagens dificilmente percebidas por aqueles que vêem nele algo a ser evitado:
Ajuda a
regular as relações sociais;
Ensina a ver
o mundo pela perspectiva do outro;
Permite o
reconhecimento das diferenças, que não são ameaça, mas resultado natural de uma
situação em que há recursos escassos;
Ajuda a
definir as identidades das partes que defendem suas posições;
Permite perceber
que outro possui uma percepção diferente;
Racionaliza
as estratégias de competência e de cooperação;
Ensina que a
controvérsia é uma oportunidade de crescimento e de amadurecimento social.”
“O conflito é a manifestação da
ordem em que ele próprio se produz e da qual se derivam suas conseqüências
principais. O conflito é a manifestação da ordem democrática, que garante e o
sustenta.”
“Eis algumas vantagens
identificadas para a mediação do conflito escolar (CHRISPINO, 2004):
O conflito faz
parte de nossa vida pessoal e está presente nas instituições: “É melhor
enfrentá-lo com habilidade pessoal do que evitá-lo” (HEREDIA, 1998 apud
CHRISPINO, 2004).
Apresenta uma
visão positiva do conflito, rompendo com a imagem história de que ele é sempre
negativo.
Constrói um
sentimento mais forte de cooperação e fraternidade da escola.
Cria sistemas
mais organizados para enfrentar o problema divergência → antagonismo → conflito → violência.
O uso de
técnicas de mediação de conflitos pode melhorar a qualidade das relações entre
os atores escolares e melhorar o “clima escolar”.
O uso da
mediação de conflitos terá conseqüências nos índices de violência contra
pessoas, vandalismo, violência contra o patrimônio, incivilidades, etc.
Melhora as
relações entre alunos, facultando melhores condições para o bom desenvolvimento
da aula.
Desenvolve o
autoconhecimento e o pensamento crítico, uma vez que o aluno é chamado a fazer
parte da solução do conflito.
Consolida a
boa convivência entre diferentes e divergentes, permitindo o surgimento e o
exercício da tolerância.
Permite que a
vivência da tolerância seja um patrimônio individual que se manifestará em
outros momentos da vida social.”
Fonte: Chrispino, Álvaro. Gestão do conflito escolar: da
classificação dos conflitos aos modelos de mediação.
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