“A Declaração de Salamanca, deixou
ressaltada que a proposta de educação inclusiva não é específica para alunos e
alunas com necessidade especiais ou outro termo que se escolha. Como processo contínuo, dialético e complexo
diz respeito a qualquer aluno que, por direito
de cidadania, deve frequentar escolas
de boa qualidade, onde aprenda a
aprender, a fazer, a ser e onde participe, ativamente. Inúmeros desafios são
identificados e precisam ser removidos;
dentre eles o aspecto atitudinal se
destaca, particularmente pelos preconceitos
e estereótipos com que a diversidade
biológica tem sido tratada e internalizada no imaginário coletivo.”
“A inclusão não depende de si
mesma, “pois ela é um novo desafio que
demanda a clarificação dos meios de ação que viabilizem a transformação das
escolas e, particularmente, que viabilizem o acolhimento das crianças
“diferentes”. (Eric Plaisance, 2004).
“Essa invocação moral e abstrata em favor da inclusão que engrenda formas dissimuladas de exclusão”
(Eric Plaisance, 2004).
“Muitos professores negam-se a
receber, em suas turmas comuns, determinados aprendizes, percebidos como “muito
diferentes” e para os quais se sentem despreparados. Outros os aceitam,
reunindo-os num grupo à parte, produzindo exclusão, na inclusão.”
“Exclusão não é o avesso de inclusão, pois esta pode se manifestar
como inclusão marginal, na medida em que a sociedade capitalista desenraiza,
exclui, para incluir de outro modo, segundo suas próprias regras, segundo sua
própria lógica”. (José de Souza Martins).
“A tolerância, quando é utilizada como forma de apelo para garantir a
presença de aprendizes em situação de deficiência nas turmas comuns, pode ser
considerada como mais um desdobramento da análise sobre o moralismo abstrato”.
“A tolerância pode equivaler à acomodação ao status quo, ao fatalismo,
especialmente quando seu oposto, a intolerância,
tem raízes coletivas ou institucionais geradas pela insegurança, por exemplo. E
a insegurança não se resolve com tolerância e sim com a organização de sociedades verdadeiramente democráticas
nas quais os cidadãos possam, indistintamente, usufruir os bens e serviços
coletivos, sem que isso seja considerado filantropia ou caridade.” (Rao V.B.J.
Chelikani, UNESCO BRASIL, 1999).
“No que tange às pessoas que apresentam necessidades
especiais decorrentes de uma situação
de deficiência ou não, penso que
a tolerância – como uma espécie de favor, de gentileza em “aguentar” sua presença
-, ao lado do respeito à diferença,
como forma de aceitação passiva do Outro
-, estão no conjunto de práticas de
moralismo abstrato e utópico e na contramão da ética da inclusão.”
“Devemos refletir sobre a igualdade de oportunidades e o sobre o
direito igual de cada um de ingressar na escola e, nela, exercitar sua
cidadania, aprendendo e participando”.
“A expressão pessoa em situação
de deficiência apresenta a vantagem de relacionar as influências do meio
com as capacidades que as pessoas, podem desenvolver e manifestar. Servem como
exemplo, duas pessoas com a mesma deficiência e que, segundo a situação e as
condições em que vivem, vão encontrar maiores ou menores barreiras para as suas
necessidades de ir e vir, de aprender e de participar, em termos de
precocidade, qualidade e intensidade das ajudas e apoios especializados que
receberam.”
“Inúmeros alunos com dificuldades de aprendizagem podem ser considerados em situação de deficiência decorrente de condições
sociais e econômicas adversas, bloqueadoras de seu pleno desenvolvimento,
mesmo sem apresentarem pertubações no
nível biológico como cegueira, surdez, retardo mental, paralisia cerebral,
por exemplos.”
“Parece não haver dúvidas de que
os sujeitos da inclusão são todos:
os que nunca estiveram em escolas, os que lá estão e experimentam
discriminações, os que não recebem as resposta educativas que atendem às suas
necessidades, os que enfrentam barreiras para a aprendizagem e para a
participação, os que são vítimas das práticas elitistas e injustas de nossa
sociedade, as que apresentam condutas típicas de síndromes neurológicas,
psiquiátricas ou com quadros psicológicos graves, além das superdotadas/com
altas habilidades, os que se evadem precocemente e, obviamente, as pessoas em
situação de deficiência, também.”
“A própria Declaração de
Salamanca adverte que as políticas educativas deverão levar em conta as
diferenças individuais e as diversas situações, como é o caso de alunos surdos
e surdos-cegos para os quais é mais conveniente que a educação seja ministrada
em escolas ou em classes especiais, nas escolas comuns.”
Fonte: Edler Carvalho, Rosita. Educação Inclusiva: do que estamos falando? Revista Educação Especial, núm. 26, -, 2005, pp. 1-7. Universidade Federal de Santa Maria.
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