Programa Inova Educação irá incluir componentes eletivos no currículo dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio
por Vinícius de Oliveira 6 de maio de 2019
A partir de 2020, estudantes matriculados nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio na rede estadual de São Paulo terão aulas de projeto de vida, tecnologia e componentes eletivos. A mudança faz parte do programa Inova Educação, lançado nesta segunda-feira (6) pelo governador João Doria e o Secretário de Estado da Educação, Rossieli Soares.
Com a proposta de conectar as escolas à realidade dos estudantes, o projeto irá permitir que os estudantes façam duas disciplinas eletivas por semestre. Cada escola deverá organizar um “Feirão de Eletivas” no início do ano, onde serão discutidas coletivamente as opções ofertadas com base nos interesses e no projetos de vida dos adolescentes e jovens, assim como as formações e vocações dos professores.
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Para apoiar esse processo, a secretaria de educação também irá disponibilizar sugestões de temas para eletivas, como empreendedorismo, ética e cidadania, olimpíadas de conhecimento, teatro, comunicação não violenta e mediação de conflitos. Atividades a serem realizadas no início do ano letivo devem ajudar o aluno durante o processo de escolha, tais como Varal dos Sonhos e sondagens. Existe ainda a possibilidade de que cada estudante curse eletivas com colegas de outras salas e anos, uma vez que serão oferecidas sempre no mesmo horário. Esse será o caso de atividades para estudantes de 6º e 7º anos, 8º e 9º anos e da 1ª, 2ª e 3ª série do ensino médio.
O novo projeto pedagógico também prevê duas aulas semanais de projeto de vida, que abrangem ética e cidadania, sonhos, projetos na comunidade, mundo do trabalho, vida acadêmica, gestão do próprio tempo, a organização pessoal e perspectivas para o futuro. Essa atividade irá apoiar os estudantes na definição dos seus objetivos e como poderão se organizar para planejar seu futuro.
Outra nova disciplina que deve integrar o currículo é tecnologia. A aula será estruturada em torno de quatro elementos: pensamento computacional, cidadania digital, cultura digital e uso de diferentes mídias e tecnologias.
Para incluir as novas disciplinas e atividades, o novo modelo prevê um aumento de carga horária de 15 minutos por dia. Os estudantes terão sete aulas diárias de 45 minutos cada, ao invés de seis, sendo que os do período matutino passarão a sair da escola às 12h35 – e não mais às 12h20. Já no vespertino, o horário mudará para 18h35 – atualmente é às 18h20.
Com as mudanças, a secretaria estadual afirma que pretende melhorar a aprendizagem, reduzir o abandono escolar e fortalecer o vínculo entre alunos e professores. A proposta também é conectar o currículo e reforçar o desenvolvimento das 10 Competências Gerais da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). As disciplinas não terão avaliação numérica e nem reprovação, exceto por faltas. Caberá ao professor realizar um acompanhamento contínuo dos projetos ao longo do semestre.
O desenvolvimento do programa Inova Educação está em linha com dados obtidos pela secretaria após escuta dos alunos. Por meio da plataforma Nossa Escola em (Re)Construção, do Porvir, cerca de 160 mil estudantes responderam recentemente ao questionário que trazia perguntas sobre como eles avaliam sua escola e como gostariam que ela fosse. Segundo Rossielli, melhorar os índices de aprendizagem do estado implica olhar para o estudante em outras dimensões que vão além da parte cognitiva. “Precisamos olhar para o desenvolvimento socioemocional e para o sonho do jovem para que ele entenda que a escola tem um propósito”, disse.
Projeto de implementação
O programa Inova Educação foi inspirado em experiências educacionais que obtiveram êxito em 633 escolas da rede estadual de São Paulo desde 2012. Na rede, 190 mil alunos de escolas de tempo integral já realizam atividades que têm como base seu projeto de vida.
Ao longo deste ano, 24 escolas de período parcial da rede estadual darão início a implementação do programa. O projeto será desenvolvido em parceria com o Instituto Ayrton Senna, que irá auxiliar na condução de atividades com foco no desenvolvimento de competências socioemocionais, como responsabilidade e trabalho em equipe.
O projeto de implementação envolve 650 educadores e 9,3 mil estudantes do 6º ao 9º do ensino fundamental, oriundos de escolas com perfis diferentes, localizadas em diversas regiões da capital. Até o final do ano, elas serão coautoras no modelo que irá auxiliar a implementação no Inova Educação em 2020. Para os estudantes do período noturno, será implementado primeiro um piloto em 2020 que terá como ponto de partida experiências atuais de diretores em torno do tema de projeto de vida.
Formação de professores
Os educadores interessados em lecionar as novas disciplinas vão participar de um processo seletivo a ser conduzido pelo diretor, que levará em consideração tanto o perfil do professor como o prerrequisito de ter cursado formações oferecidas pela secretaria de educação.
Estes cursos para os novos componentes terão uma carga horária de 60 horas. Um módulo básico terá 8 horas de temas sobre adolescências e juventudes e mais 22 horas sobre projeto de vida ou eletivas ou tecnologia. O segundo módulo, mais aprofundado, terá orientações sobre a fase de implementação. A secretaria diz que também serão oferecidos materiais de apoio.
Parceria com Instituto Ayrton Senna
Nesta segunda, o governo de São Paulo também anunciou uma parceria com o Instituto Ayrton Senna, o programa “Minha Escola”, que vai implementar já em 2019 o novo modelo pedagógico do Inova Educação em 24 escolas de período parcial, da rede estadual.
A proposta é que registrem suas práticas e resultados, os quais serão acompanhados pela equipe do Instituto Ayrton Senna, para que, no próximo ano, a proposta seja expandida às demais unidades da rede.
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