No post da semana passada, relatei um trabalho de campo realizado durante o primeiro trimestre de 2017 que realizamos nas escolas com o foco de identificarmos os conteúdos de necessidades de formação dos professores. Analisamos a prática dos professores e os resultados das avaliações das crianças no intuito de identificar indicadores de necessidades e formatar um plano de formação. O resultado das observações foi levado para um encontro de coordenadores que acontecem no nosso município.
Esse encontro de formação foi realizado na última semana. Algumas questões levantadas eram específicas de cada unidade escolar, mas também houve elementos em comum para várias delas. Esses conteúdos foram definidos como os prioritários na formação dos professores: o ensino das operações, a resolução de problemas e produção de texto. A partir do conteúdo comum apresentado por todos os coordenadores decidimos investir neste primeiro semestre na escrita na rotina das crianças.
Os alunos apresentaram muitos problemas em gramática, gênero e discurso. Escreveram muito pouco e percebemos que não há regularidade nas situações de escrita em sala, tampouco um trabalho de revisão de texto. Com o conteúdo definido, partimos para um levantamento de um roteiro de ações que poderíamos realizar com os professores. Depois de organizar o plano de formação dos professores ficou muito mais fácil para começar a identificar possíveis caminhos para traçar o nosso trabalho de formação.
Vou compartilhar com vocês algumas estratégias que pensamos:
- Solicitar aos professores que planejem uma situação de escrita. Cada aluno vai escolher o tipo de atividade, e cabe aos docentes aplicar e registrar alguns aspectos ligados ao planejamento dela, como a escolha do gênero, de como a situação aconteceu, quais intervenções foram planejadas e quais foram realizadas, como foi o desenvolvimento do texto, se houve alguma inquietação ou reflexão e quais os resultados. Tudo deverá ser organizado e enviado ao coordenador;
- Analisar os planejamentos e ações elaborados pelos professores. Com esse foco, pretendemos identificar quais as concepções que os docentes possuem em relação à situação de texto, se consideram as condições didáticas ao planejar e o que avaliam da produção dos alunos. Nossa pretensão não é avaliar as propostas como certas ou erradas, mas pontuar os princípios e hipóteses que embasaram os planejamentos e as ações para dar indícios de que caminhos seguir, além de identificar mais necessidades dos professores e onde poderíamos ajudar;
- Refletir e analisar boas situações de escrita como referência e tematizar as condições didáticas essenciais para a produção de texto;
- Planejar boas situações de produção de texto com os professores e observar a atividade na sala de aula. Nesse momento, é importante considerar as condições didáticas, as estratégias e intervenções dos docentes, a interação entre as crianças e o resultado obtido. Depois, o coordenador deve tematizar esses conteúdos com os docentes e para, em conjunto, analisar o trabalho realizado;
- Construir junto com os professores planilhas de análise de produção de texto considerando o contexto de produção, o interlocutor e o gênero a ser produzido;
- Colocar em jogo tudo o que o grupo já havia aprendido nos encontros anteriores ao confrontá-lo com reais situações vivenciadas na sala de aula;
- Organizar a rotina de textos e organizar na escola boas situações planejadas e aplicadas pelos professores. Cada docente deverá apresentar para seus colegas da mesma série um projeto realizado para que se construa uma coletânea de boas situações de produção de texto;
- Analisar com os professores textos escritos por seus alunos e levantar quais conteúdos precisam ser trabalhados;
- Tematizar situações de autoria, refletindo sobre o que está por trás dessa estratégia e o que cabe ao professor garantir para que as crianças possam produzir textos com esse caráter. Além disso, permite avaliar quais séries precisam de intensificação desse tipo de trabalho;
- Como realizar a revisão de texto: quais aspectos considerar na revisão com as crianças, quando propor, quais as condições didáticas devem ser consideradas para que o aluno consiga observar um texto e quais tipos de propostas de revisão podemos organizar.
Bom, estas foram algumas ideias e reflexões que sistematizamos.
Aos poucos, essa discussão tornou visíveis para nós coordenadores quais os conteúdos que deveriam fazer parte do nosso plano de formação e quais as estratégias que poderíamos utilizar. Uma coisa interessante que aconteceu durante o encontro foi que percebemos no nosso próprio grupo que alguns colegas tinham dúvidas no assunto.
O nosso olhar para a produção dos alunos, antecipando os possíveis conteúdos que deveríamos discutir com os professores, nos ajudou a identificar o que os próprios docentes precisavam aprender, quais problemas haviam e quais itens demandariam intervenções formativa. O nosso próximo encontro será a formatação do plano de formação de fato e a elaboração da primeira reunião com os professores.
E vocês coordenadores, já tematizaram esse conteúdo a partir de um trabalho de formação com os professores?
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