sábado, 16 de maio de 2020

Página do Professor Henrique de Filosofia

Professor Henrique


Professor: Henrique Simões.  Matéria: Filosofia. Série: 1º ano

“Só sei que nada sei”

            O método de Sócrates levava ao reconhecimento da própria ignorância. Não se tratava, porém, de um julgamento destinado apenas aos seus interlocutores. Esses era igualmente o ponto de partida de sua própria sabedoria, baseada na busca incessante da verdade, em que sempre nos deparamos com novas indagações. Ao dialogar, Sócrates não era um professor que “ensinava verdades”, mas alguém que estimulava cada um a pensar por si mesmo.
            A maneira pela qual o filósofo chegou a essa descoberta é relatada em certa passagem do diálogo Defesa de Sócrates, registrada por seu discípulo Platão. Ao se referir às calunias de que foi vítima, Sócrates se lembra da ida ao templo de Apolo, em Delfos, local em que pessoas consultavam o oráculo para saber sobre assuntos religiosos, políticos ou, ainda, para saber sobre o futuro. Lá, quando seu amigo Querofonte consultou a Pítia, indagando se havia alguém mais sábio do que seu mestre Sócrates, ouviu uma resposta negativa.
            Surpreendido com a resposta dada pelo oráculo, Sócrates resolveu investigar por si próprio aqueles que se diziam sábios. Sua fala é assim relatada por Platão:
            Fui ter com um dos que passam por sábios, por quanto, se havia lugar, era ali que, para rebater o oráculo, mostraria ao deus: “Eis aqui um mais sábio que eu, quando tu disseste que eu o era!”. Submeti a exame essa pessoa- é escusado dizer o seu nome: era um dos políticos. Eis, atenienses, a impressão que me ficou do exame e da conversa por sábio aos olhos de muita gente, principalmente aos seus próprios, mas não o era meti-me, então, a explicar-lhe que supunha ser sábio, mas não o era. A consequência foi tornar-me odiado dele e de muitos dos circunstantes.
Ao retirar-me, ia concluindo de mim para comigo: “mais sábio do que esse homem eu sou; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um nadinha mais sábio que ele exatamente em não supor que saiba o que não sei”. Daí fui ter com outro, um dos que passam por ainda mais sábios e tive a mesmíssima impressão; também ali me tornei odiado dele e de muitos outros.
PLATÂO. Defesa de Sócrates. São Paulo: Abril Cultural, 1972. P.15.V.2(Coleção Os Pensadores)
Ao ler essa passagem, compreendemos como a máxima socrática “só sei que nada sei” surgiu enquanto ponto de partida para filosofar. Podemos estão propor as seguintes observações:
·         Sócrates está em praça pública, não é um pensador alheio ao mundo.
·         Seu conhecimento não é um saber acabado, porque está em processo de se fazer, e tem por conteúdo a experiência cotidiana.
·         Guia-se pelo princípio de que nada sabe e, dessa perplexidade primeira, inicia a interrogação e o questionamento de tudo que parece óbvio.
·         Sua crítica ao saber dogmático não implica que ele próprio seja detentor de um saber. Desperta as consciências adormecidas, mas não considera um “farol” que ilumina: o caminho novo deve ser construído pela discussão e pela busca das soluções
·         Sócrates é “subversivo” porque “desnorteia”, perturba a “ordem” do conhecer e do fazer, por isso incomoda tanto os poderosos.
Terminamos a reflexão de hoje com Sócrates interrogando as pessoas que transitavam pela praça pública, instigando-as a questionar suas certezas. Entretanto, o filósofo teria a resposta para tudo? É certo que não, pois vimos que nem sempre esses diálogos conduziam a uma resposta definitiva.

Atividade:

Pensando nas aulas em sala de aula e nesses textos publicados aqui nesse período de distanciamento social responda:

1-    Por que é possível dizer que não existe “a” filosofia, mas “as” filosofias?
2-    O que significa a máxima socrática “Só sei que nada sei”? Explique por que ela se refere a Sócrates e também à própria filosofia
3-    Na Grécia antiga, os filósofos se ocupavam de todas as áreas do conhecimento de seu tempo. Quando ocorreu a Revolução Científica do século XVII, as ciências da natureza e posteriormente as ciências humanas foram se separando do corpo da filosofia. Atualmente, de que objeto se ocupa a filosofia?

Caso achem melhor, podem entrar em contato comigo através do meu e-mail: simoeshenrique303@gmail.com





Professor: Henrique Simões.  Matéria: Filosofia. Série: 2ºA e B


Moral e ética

O que é ser moral? Para que ser moral? As respostas a essas duas questões são cruciais para orientarmos nossa conduta em relação aos outros e a nós mesmos. O que entendemos por " bem" ou por "mal" pode definir que tipo de pessoa queremos ser e que compromisso temos com os valores éticos e morais.
Vejamos por quê:
Os conceitos de moral e ética, ainda que diferentes, são com frequência usados como sinônimos. Podemos estabelecer algumas diferenças entre eles, embora essas definições variem de acordo com a abordagem de cada filósofo.
 Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo social. Em um primeiro momento, o sujeito moral é o que age bem ou mal ao acatar ou transgredir as regras morais admitidas em determinada época ou por um grupo de pessoas. No entanto, essa definição é incompleta, por isso mais adiante voltaremos a ela para complementa- lá. A moral refere-se à ação moral concreta, quando nos perguntamos: o que devo fazer? Como devo agir nessa situação? O que é certo? O que é condenável?
Ética ou filosofia moral é a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral. Esses princípios e noções dependem da concepção de ser humano tomada como ponto de partida. Por exemplo, à pergunta "O que são o bem e o mal?", Respondemos diferentemente caso o fundamento da moral esteja na ordem cósmica, na vontade de Deus, na natureza humana ou em nenhuma ordem exterior à própria consciência.
Do ponto de vista da ética, podemos ainda perguntar: há uma hierarquia de valores a obedecer? Se houver, o bem supremo é a felicidade? O prazer? A utilidade? O dever? A justiça? É possível ainda questionar: os valores são essenciais? Têm conteúdo determinado, universal, válido em todos os tempos e lugares? Ou, ao contrário, são relativos: "verdade aquém dos Pirineus, erro além", como criticava Pascal? Haveria possibilidade de superação das posições contrárias do universalismo e do relativismo?

Caráter histórico e social da moral

Aos nascermos, o mundo cultural é um sistema de significados já estabelecido, de tal modo que aprendemos regras de comportamento desde cedo. Existe, portanto, uma moral constituída, com regras que nos permitem distinguir o ato moral do imoral.
As normas morais variam conforme o tempo e o lugar, bem como dependem das formas de relacionamento e das práticas de trabalho em determinada sociedade. À medida que as relações se alteram ocorrem modificações nas normas de comportamento coletivo. Essas mudanças eram mais lentas antigamente, mas se aceleraram a partir da segunda metade do século XX.

Responda:
1 – Faça uma correlação entre costumes morais do século passado e como se transformaram nos dias de hoje. Como você enxerga essas mudanças?
2 – Na sua percepção, o que é agir eticamente?

Pense nisso:
            Em sua obra A República, Platão relata a lenda sobre um anel que tornaria invisível quem conseguisse virar o engaste para dentro. Foi o que aconteceu ao pastor Giges que vivia a serviço do rei da Lídia. Após ter se salvado de um terremoto, ele retirou o anel cadáver o referido anel. Ao perceber que podia ficar invisível quando quisesse, entrou no castelo, seduziu a rainha, tramou com ela a morte do rei e obteve o poder.
            Esse mito nos faz pensar sobre os motivos que estimulam ou coíbem uma ação. Se pudesse ficar invisível em uma loja, você roubaria um celular, por exemplo? Ou o que seria determinante para que, mesmo invisível, você não roubasse?

(Não precisa responder esse textinho. Coloquei apenas para a reflexão)




Professor: Henrique Simões.  Matéria: Filosofia. Série: 3º A

Falar é concretizar as coisas

Pensar na linguagem como performativa, isto é, como um discurso que institui realidades, como diria o filosofo francês Michael Foucault (1926 - 1984), faz lembrar de um ditado árabe que diz " Falar é concretizar as coisas".
Ora, se a fala tem esse poder de instituir realidades e transformar-se em algo concreto, talvez seja possível usar isso na construção de uma vida mais feliz.
Aproveite a oportunidade para refletir sobre o filme Preciosa - Uma história de esperança (Direção de Lee Daniel, EUA, 2010, 109 min). Nele, a triste vida de Preciosa Jones, uma adolescente de 16 anos, é apresentada. Preciosa foi violentada pelo pai, abusada pela mãe e teve um filho com síndrome de Down. Além disso, é uma mulher negra, podre e obesa, o que a coloca em uma situação difícil nos padrões gerais da sociedade. Sua oportunidade de redenção surge quando começa a frequentar uma escola na qual a professora a inventiva a escrever sobre a própria vida. Rememorar sua história e colocá-la no papel equivale, para Preciosa, a "escrever" a própria vida, tomando-a nas mãos.
A subjetividade humana tem características muitas vezes imprevisíveis e misteriosas. O próprio Foucault dizia que escrevia para saber aquilo que pensava. No ato da escrita, ele acabava se constituindo como o filósofo que foi.
Para Preciosa, o percurso parece ter sido o mesmo que o de Foucault: escrever sobre a própria vida deu-lhe a dimensão de controle, de escolha do que viveu e do que sentiu. Não acabou com sua dor, mas a colocou em uma situação de poder dizer aquilo que quer sentir e viver. Trata-se de um filme que, entre outras coisas, fala sobre a transformação que a escritura pode operar nas vidas humanas.
E se você tentasse fazer o mesmo? Se tentasse pensar na sua vida e escrever sobre ela? Escrever para você e por você e, pela escritura, tornar-se aquilo que deseja ser? Experimente

Atividade:

1-    Faça uma pequena biografia contando a sua trajetória até este momento de sua vida, pense em dificuldades que pensou que jamais superaria e hoje, distante deste fato, viu que superou.


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