Sucesso de projetos em colégios de SP mostra que compromisso e sustentabilidade se controem desde cedo
Há três anos o Colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo, incluiu a temática da educação financeira na sua grade curricular e vem ensinando seus alunos do ensino fundamental ao médio a lidar de maneira saudável com o dinheiro.
Durante a infância, as noções da educação financeira são trabalhadas de forma lúdica, por meio de excursões e brincadeiras em sala de aula. A simulação do ‘mercadinho’, que conta com caixa, produtos e dinheiro de verdade ensina as crianças a escolher, comprar e refletir sobre o valor do dinheiro. O passeio a um dos principais parques e espaços educativos da cidade não compreende apenas jogos, mas também discussões sobre quanto e como cada estudante gasta seu dinheiro em cada atividade.
Do quarto ao sexto ano, a brincadeira fica um pouco mais séria, com ensinamentos sobre conceitos, como juros e parcelamentos, e ideias de responsabilidade, desperdício e sustentabilidade. E do nono ano até a conclusão do ensino médio, os alunos já se tornam aptos a lidar com problemas envolvendo financiamentos, empréstimos, juros simples e juros compostos, e cálculos de descontos. A essa altura, os mercadinhos são substituídos por apostilas, exercícios e elaboradas apresentações.
Foi a coordenadora de matemática do colégio, Rita Laselva, quem teve a ideia de inserir a educação financeira na educação tradicional do Marista. A ideia não foi bem aceita apenas entre os professores, mas também entre os estudantes.
“A matemática financeira é uma parte da matemática que chama a atenção dos alunos. Eles são muito receptivos aos ensinamentos e levantam muitos questionamentos, especialmente em relação às maneiras como ele pode ser aplicado. É comum, por exemplo, eles trazerem para a sala de aula ideias e perguntas sobre investimentos levantadas durante diálogo com os pais, então, eles acabam se envolvendo bastante”, conta Laselva.
As maneiras de usar a mesada também é uma questão que ganha espaço em sala.
“A gente começa a ensinar que eles precisam poupar parte desse dinheiro, e eles passam a questionar se realmente precisam gastar toda a quantia que ganham dos pais. A gente também percebe mudanças das atitudes deles em relação ao dinheiro, quando, por exemplo, eles questionam o preço dos produtos da cantina.”
Mas não é preciso ser um adolescente para ter esse tipo de atitude. O estudante da Escola Estadual Luis Elias Atiê, Antônio Cassiano Ferreria, de apenas 7 anos, mostra no dia a dia que uma criança pode aplicar no dia a dia conceitos básicos de matemática financeira.
“Quando a gente vai ao supermercado, ele não coloca mais a mesma quantidade de coisas que ele costumava colocar. Eu limito o número de guloseimas que ele pode comprar a apenas uma. Depois das aulas, ele começou a comprar os preços das guloseimas. Se é muito cara, e ele vê que tem uma mais barata, ele compra a mais barata”, conta a fotógrafa e mãe do Antônio, Carla Cristina Lima da Silva.
“Ele sempre lembra que a gente precisa economizar. A gente já tinha esse hábito, mas depois do projeto de educação financeira da escola eu percebi que ele ficou mais consciente. Além de deixar de ser consumista e passar a avaliar o preço dos produtos antes de comprar, ele agora se preocupa mais em guardar dinheiro. Ele está empenhado em comprar um drone e fazer uma viagem para Nova Iorque, então guarda todas as moedinhas no cofrinho”, completa.
As crianças aprendem rápido e são multiplicadoras. Com todo esse movimento acontecendo na escola, não tem como os pais não se deixarem contaminar por todos esses ensinamentos. E se engana quem acha que eles se limitam a apoiar o projeto. Eles participam dele junto com os filhos, e assim acabam aprendendo noções de educação financeira que levam à reorganização financeira da família como um todo.
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Comentários: Apesar de estar fazendo referência a escolas de São Paulo de classe média, é interessante pensar em projetos que possam ser trabalhados no nosso contexto. Tais como: a importância de consumir menos "coisas", sejam objetos diversos ou "alimentos pouco saudáveis", como: balas e chicletes. Pensar no impacto que as embalagens destes alimentos tem sobre o nosso planeta.
O impacto dos produtos de origem pouco confiáveis como os ditos importados, made in ... prejudiciais ao solo e a saúde por causa de metais pesados. Sem falar na exploração de mão de obra, principalmente de imigrantes.
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