A linha do tempo do feminismo no Brasil de 1827 a 2019
Lugar de mulher é na História e
fazendo história! Confira os principais marcos e nomes da luta feminina no
Brasil.
A história da luta feminina no Brasil é
longa e vem desde a Idade Média, quando rolou a caça às bruxas. Para muita
gente, esse episódio já marca a perseguição das mulheres que iam contra o
patriarcado. É muita coisa e daria até um livro! Coisa que já foi feita por
muitas pessoas, né? (risos) Por
isso, a linha do tempo desta matéria vai de 1827 a 2019.
Esperamos que ela seja útil não só para trabalhos escolares, mas para a sua
vida pessoal. Conhecimento é poder. E viva as mulheres!
1827:
Meninas são liberadas para frequentar escolas
A primeira conquista das mulheres brasileiras veio com uma lei em 1827,
que permitia que meninas finalmente frequentassem colégios e estudassem além da
escola primária.
1832:
É publicado Direitos das mulheres e injustiças dos homens, de Nísia
Floresta
O
livro é considerado o fundador do feminismo brasileiro. Na obra, a autora
reforça que a mulher é tão capaz quanto o homem de assumir cargos de liderança
e qualquer outra função.
Nísia Floresta foi a primeira mulher a denunciar o mito de superioridade do
homem publicamente, além de caracterizar as mulheres como seres inteligentes e
merecedores de respeito.
1852:
Primeiro jornal feminino é criado
Editado por mulheres e direcionado para mulheres, surgiu o Jornal das Senhoras, que afirmava que as pessoas
do sexo feminino não deveriam só aprender piano, bordado e costura. Depois
disso, outros jornais também apareceram, como o Bello
Sexo, em 1862 e O Sexo Feminino, em
1873.
1871:
Lei do Ventre Livre é promulgada
Também
conhecida como Lei Rio Branco, a Lei do Ventre Livre, assinada pela
Princesa Isabel, determinava que os filhos das mulheres escravizadas na época
do Império nasciam livres. A abolição da escravidão só aconteceu em 1888,
através da Lei Áurea.
1879:
Mulheres podem ser aceitas em faculdades
Em
19 de abril, um decreto de lei permitiu que mulheres pudessem cursar o ensino
superior, assim como já acontecia com os homens. Apesar de estarem dentro da
legalidade, muitas enfrentaram preconceito ao ingressar em universidades.
1885:
Chiquinha Gonzaga se torna a primeira maestrina brasileira
Nesse
ano, Chiquinha Gonzaga se tornou a primeira maestrina do Brasil. A compositora
também era considerada uma mulher muito à frente do seu tempo e costumava
desafiar o machismo e os padrões impostos pela sociedade. Na época, Chiquinha
chegou a se separar de um marido que tentou fazê-la desistir da música.
1887: Surge a primeira médica
brasileira
Rita
Lobato Freitas foi a primeira mulher a se formar em medicina no Brasil, pela
Faculdade de Medicina da Bahia, além de ser a segunda na América Latina. Mesmo
com a lei permitindo o ingresso de mulheres na faculdade, Rita sofreu muito
preconceito de pessoas que ainda achavam que estudar era uma rebeldia, “coisa
de menino”. Sua tese na conclusão do curso também foi centrada no feminino: a
operação cesariana.
1888: É declarado o fim da escravidão
Em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel e
encerrou o período de escravidão no país, que durou cerca de três séculos.
Princesa Isabel: primeira senadora brasileira e a primeira mulher
a exercer a chefia de Estado no continente americano.
1910: Nasce Patrícia Galvão, a Pagu
Embora
tenha nascido em uma família burguesa, a escritora, jornalista e militante se
afastou da sua classe social de origem e se juntou ao movimento comunista. Ela
se tornou a primeira presa política da história brasileira e chegou a ir para a
prisão mais de 20 vezes. Por quê? Basicamente, ela queria a igualdade entre os
sexos.
1910: É criado o Partido Republicano
Feminino
O partido reivindicava o direto ao voto e à emancipação feminina. Mais
tarde, em 1917, as lideranças desse partido organizaram uma marcha com a
presença de noventa mulheres.
1918: Maria Lacerda de Moura
publica Em Torno da Educação
O livro também entra na lista de obras importantes que marcam o começo
do feminismo brasileiro. Nele, Maria Lacerda defende o processo educacional na
libertação feminina e reforça que a instrução é um fator indispensável na
transformação da vida das mulheres.
1919: Resolução de salários iguais para
homens e mulheres é aprovada
A
Conferência do Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
até chegou a aprovar uma resolução de salário igual para homens e mulheres que
exercem a mesma função lá em 1919, mas a gente bem sabe que, infelizmente, a
igualdade ainda não foi alcançada.
1921: Primeiro jogo de futebol entre
mulheres
A
primeira partida de futebol feminino aconteceu em 1921, entre mulheres dos
bairros de Tremembé e Cantareira, na zona norte de São Paulo. O jogo chegou a
ser noticiado por jornais impressos da época (dirigidos por homens, não
precisamos nem dizer) como uma coisa “curiosa e cômica”. O primeiro time só
surgiu em 1958, com o nome de Araguari Atlético Clube, em Minas Gerais.
1923: A enfermagem começa no Brasil
A Escola de Enfermagem Ana Nery foi a primeira escola oficial de
enfermagem no país, nomeada em homenagem a Anna Nery, pioneira da enfermagem
brasileira.
Anna Justina Ferreira Nery: morreu aos 65 anos depois de dedicar
sua vida a cuidar das pessoas e lutar pela educação feminina. Uma curiosidade
sobre ela é que, em 2009, ela se tornou a primeira mulher a entrar para o
Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria.
1928: Primeira prefeita brasileira é
eleita
Quando
ainda nem existia o voto feminino, Alzira Soriano de Souza abriu espaço para as
mulheres na política. Ela foi a primeira mulher a assumir o governo de uma
cidade não apenas no Brasil, mas na América Latina inteira.
Maria Luiza Fontenele: primeira prefeita de uma capital brasileira, em
Fortaleza.
Iolanda Fleming: primeira governadora, no Acre.
Luiza Erundina, primeira prefeita da maior cidade do Brasil, São Paulo.
Dilma Rousseff, primeira presidente do país.
1932: Maria Lenk se torna a
primeira mulher a participar das Olimpíadas
A
primeira participação do Brasil nos Jogos Olímpicos aconteceu em 1920, mas
apenas 12 anos depois, em 1932, houve uma atleta feminina na equipe: a nadadora
Maria Lenk.
Mary Dalva Proença: única mulher na delegação brasileira da Olimpíada de
Melbourne, em 1956.
Aída dos Santos: em 1964, conquistou o melhor desempenho feminino em Olimpíada,
que durou 32 anos.
Jacqueline SIlva e Sandra Pires: primeira dupla feminina a ganhar medalha de
ouro, em Atlanta, 1996.
1934: Mulheres conquistam o direito de
votar
Somente em 1934 o voto feminino passa a ser regulamentado no país, para
mulheres de todas as rendas, origens ou estado civil. Dois anos antes, em 1932,
solteiras e viúvas com renda própria e mulheres casadas com permissão do marido
podiam votar.
Bertha Lutz: responsável pela organização do movimento sufragista
no Brasil e pelas ações políticas que resultaram no direto de voto feminino.
Assumiu uma cadeira na Câmara Federal e lutou por mais igualdade de direitos
políticos às mulheres.
Miêtta Santiago: foi a primeira mulher a exercer plenamente seus direitos
políticos, após perceber que a proibição do voto feminino contrariava um
artigo da Constituição.
1936: Primeiro Sindicato das Domésticas
é criado
Filha
de empregada doméstica, Laudelina Campos de Melo criou a Associação de
Trabalhadores Domésticos, primeiro sindicato das domésticas no Brasil, para
combater a rotina de racismo, exploração e más condições de trabalho.
1954: Martha Rocha é eleita Miss Brasil
Por que uma competição de beleza que dita padrões merece destaque? Diz a lenda
que a Miss Bahia perdeu o Miss Universo para a americana Miriam Steveson por
ter muito culote. Depois, descobriu-se que “as duas polegadas a mais de
quadril” foram uma invenção da mídia brasileira para acalmar os ânimos da
população, que estava revoltada com a derrota. Entretanto, a fake news serviu
de estímulo para que brasileiras sentissem orgulho de seus quadris grandes.
Afinal, eles eram dignos de ~miss~! É uma faca
de dois gumes, definitivamente, mas não podemos negar que Martha Rocha, mesmo
que sem querer, empoderou muitas mulheres.
1962: É criado o Estatuto da Mulher
Casada
Em 27 de agosto, a Lei nº 4.212/1962 permitiu que mulheres casadas não
precisassem mais da autorização do marido para trabalhar. A partir de então,
elas também passariam a ter direito à herança e a chance de pedir a guarda dos
filhos em casos de separação. No mesmo ano, a pílula anticoncepcional chegou ao
Brasil. Apesar de ser um método contraceptivo bastante polêmico, por mexer com
hormônios, não dá para negar que o medicamento trouxe autonomia à mulher e
iniciou uma discussão importantíssima sobre a liberdade sexual feminina.
1975: Jornal Brasil Mulher é
fundado
No dia 9 de outubro, o primeiro exemplar saiu em circulação com um editorial
que marcou época e irritou muito homens, principalmente jornalistas e
políticos. “O Brasil Mulher não é o Jornal
da Mulher. Seu objetivo é ser mais uma voz na busca e na tomada da igualdade
perdida. Trabalho que se destina a homens e mulheres. Não desejamos nos amparar
nas diferenças biológicas para desfrutar de pequenos favores masculinos, ao
mesmo tempo que o Estado, constituído de forma masculina, deixa-nos um lugar só
comparado ao que é destinado por incapacidade de participação do débil mental”,
afrontava a publicação sabiamente. A vida do jornal foi curta, devido a
dificuldades financeiras. Foram 20 edições em dois anos. O Brasil Mulher, ainda
hoje, é considerado um dos porta-vozes do Movimento Feminista.
1977: Lei do Divórcio é aprovada
No dia 26 de dezembro, a Lei nº 6.515 foi sancionada e iniciou uma discussão
sobre a separação. Vale lembrar que mulheres desquitadas eram vistas com maus
olhos por muitas pessoas, inclusive por outras mulheres, que preferiam viver
casamentos infelizes e abusivos a pedirem o divórcio. Mesmo que a lei tenha
mudado, na prática, o julgamento continuou. Até hoje muita gente acha “feio”
quando uma mulher se separa, mas não julga os homens divorciados.
Rachel de Queiroz: no mesmo ano, a escritora e jornalista foi a 1ª
mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
1979: Mulheres são autorizadas a
praticar qualquer esporte
Parece estranho pensar que, antes disso, as mulheres não podiam praticar
esportes “de menino”. Mas daí a gente lembra que ainda hoje atletas sofrem
preconceito em muitas modalidades e tudo faz sentido. Em 1937, o Estado Novo de
Getúlio Vargas decretou que mulheres só podiam praticar esportes que
condissessem com suas condições físicas. Lutas, futebol, polo, beisebol e
halterofilismo estavam expressamente proibidos. Em 1979, quatro mulheres se
inscreveram com nomes masculinos no Campeonato Sul Americano de Judô e o Brasil
conquistou o título devido justamente aos pontos dessas atletas. Foi aí que o
Governo decidiu revogar a Lei.
1980: Forças Armadas passa a aceitar
também mulheres
Mais uma profissão que até então era vista como masculina. Dois anos depois, em
1982, a Força Aérea passou a aceitar mulheres e, em 1992, foi a vez do Exército
Brasileiro.
1981: Ivone de Lara lança a música Sorriso
Negro
Conhecida como a A Rainha do Samba, a cantora carioca cantava as
dores e as alegrias dos negros, e liderava rodas de samba ainda dominada por
homens.
1985: Surge a primeira Delegacia da
Mulher
A DEAM (Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher ) surge em São Paulo e,
logo depois, outras unidades começam a ser implantadas em outros estados. Essas
unidades especializadas da Polícia Civil realizam, essencialmente, ações de
proteção e investigação dos crimes de violência doméstica e violência sexual
contra as mulheres.
1988: Ocorre o primeiro encontro
nacional de mulheres negras
Estima-se que 450 negras reuniram-se para promover debates e seminários em
vários estados brasileiros, a fim de conscientizar a população e trazer à tona
questões do feminismo negro. No mesmo ano, aconteceu a mobilização que ficou
conhecida como Lobby do Batom. A questão em pauta era a igualdade formal de
direitos entre mulheres e homens na Constituição Federal do Brasil. #NãoTiraOBatomVermelho.
1996: É reivindicado que mais mulheres
participem ativamente da vida política brasileira
Um sistema de cotas foi criado pelo Congresso Nacional, que obrigava os
partidos a inscrever pelo menos 20% de mulheres nas chapas eleitorais.
2002: “Falta de virgindade” deixa de
ser crime
Louco pensar que foi só nesse ano que o Código Civil retirou o artigo que dizia
que um homem podia pedir a anulação do casamento caso descobrisse que a esposa
não era virgem. Até então, a virgindade feminina, ou a falta dela, no caso, era
tratada como crime e uma justificativa plausível para divórcios. Foi também em
2002 que aconteceu o 1º Encontro das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira
em Manaus. O principal objetivo da mobilização era discutir os direitos das
mulheres indígenas e promover a maior inserção delas na sociedade. O
Departamento de Mulheres Indígenas, que defende os direitos e interesse dessa
população feminina, foi criado durante o encontro.
2006: É criada a Lei Maria da Penha
Definitivamente, essa é uma das conquistas mais importantes para as mulheres
brasileiras. A Lei nº 11.340 foi sancionada para combater a violência contra a
mulher.
Maria da Penha: a farmacêutica, que dá nome à lei, precisou sofrer
duas tentativas de homicídio e lutar durante quase 20 anos para, enfim,
conseguir colocar seu marido criminoso na cadeia. Foi em 1983 que ela sofreu o
primeiro ataque de Marco, que atirou em Maria. Apenas 23 anos depois uma lei de
proteção foi criada.
2010: É eleita a primeira mulher
Presidente do Brasil
A eleição de Dilma Rousseff, no dia 31 de outubro, e a convocação de nove
mulheres para os ministérios do país marcou história na política brasileira.
2011: Marcha das Vadias chega ao Brasil
O movimento feminista conhecido internacionalmente chega ao país e é marcado
por manifestações e luta das mulheres por mais direitos, respeito e contra o
feminicídio, em São Paulo. Ela foi o estopim para diversos protestos
organizados que aconteceriam nos anos seguintes.
2013: Kathryn Bigelow é a 1ª mulher a ganhar
Oscar de Melhor Direção
A cineasta, que levou o prêmio pelo filme Guerra ao Terror, foi apenas a 4ª mulher na história da
premiação a ser indicada nessa categoria.
2015: É aprovada a Lei do Feminicídio
No dia 9 de março, a Lei nº 13.104 finalmente classifica o feminicídio
como crime de homicídio. Vale lembrar que, três anos após a criação da
lei, o número de casos de mulheres mortas no Brasil só cresce e as garotas
negras ainda são as maiores vítimas. Entretanto, é inegável que a Lei do Feminicídio
representa uma grande conquista das mulheres e para as mulheres na busca por
direitos.
2016: Viola Davis é a primeira mulher
negra a ganhar um Emmy
Em discurso icônico de momento história, a atriz e produtora disse que tinha
sempre a sensação de tentar, tentar, mas nunca alcançar as mulheres brancas,
principalmente no meio cinematográfico. “Na minha mente, eu vejo uma linha. E
depois dessa linha, eu vejo campos verdes e lindas flores e bonitas mulheres
brancas com seus braços estendidos em minha direção, para além dessa linha. Mas
eu não sei como alcançá-las. Eu não sei como atravessar a linha(…)
Me deixem dizer algo: a única coisa que separa mulheres negras de
quaisquer outras mulheres é a oportunidade”, falou.
2018: Pessoas trans podem alterar seus
nomes indo apenas ao cartório
No dia 1º de março, o STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou que
transexuais e transgêneros alterassem o nome biológico e o gênero indo
apenas ao cartório, sem precisar mostrar laudos médicos, comprovações de
cirurgias ou terapias hormonais.
2019: Primeira jornalista negra a
ocupar a bancada do Jornal Nacional
No dia 16 de fevereiro de 2019, Maria Júlia Coutinho se tornou a
primeira mulher negra a integrar o time de apresentadoras do maior jornal da
televisão brasileira, fazendo parte do rodízio de jornalistas em finais de
semana e feriados.
2019: Primeiras mulheres negras a
receberem o Oscar nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Design de Produção
Ruth E. Carter e Hannah Beachler fizeram história na cerimônia do Oscar
2019 ao receberem os prêmios de Melhor Figurino e Melhor Design de Produção,
respectivamente. Ambos vieram através de seus trabalhos no filme Pantera Negra.
Nísia Floresta foi a primeira mulher a denunciar o mito de superioridade do homem publicamente, além de caracterizar as mulheres como seres inteligentes e merecedores de respeito.
Rita Lobato Freitas foi a primeira mulher a se formar em medicina no Brasil, pela Faculdade de Medicina da Bahia, além de ser a segunda na América Latina. Mesmo com a lei permitindo o ingresso de mulheres na faculdade, Rita sofreu muito preconceito de pessoas que ainda achavam que estudar era uma rebeldia, “coisa de menino”. Sua tese na conclusão do curso também foi centrada no feminino: a operação cesariana.
Em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel e encerrou o período de escravidão no país, que durou cerca de três séculos.
Princesa Isabel: primeira senadora brasileira e a primeira mulher a exercer a chefia de Estado no continente americano.
Embora tenha nascido em uma família burguesa, a escritora, jornalista e militante se afastou da sua classe social de origem e se juntou ao movimento comunista. Ela se tornou a primeira presa política da história brasileira e chegou a ir para a prisão mais de 20 vezes. Por quê? Basicamente, ela queria a igualdade entre os sexos.
O partido reivindicava o direto ao voto e à emancipação feminina. Mais tarde, em 1917, as lideranças desse partido organizaram uma marcha com a presença de noventa mulheres.
O livro também entra na lista de obras importantes que marcam o começo do feminismo brasileiro. Nele, Maria Lacerda defende o processo educacional na libertação feminina e reforça que a instrução é um fator indispensável na transformação da vida das mulheres.
A Conferência do Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho (OIT) até chegou a aprovar uma resolução de salário igual para homens e mulheres que exercem a mesma função lá em 1919, mas a gente bem sabe que, infelizmente, a igualdade ainda não foi alcançada.
A primeira partida de futebol feminino aconteceu em 1921, entre mulheres dos bairros de Tremembé e Cantareira, na zona norte de São Paulo. O jogo chegou a ser noticiado por jornais impressos da época (dirigidos por homens, não precisamos nem dizer) como uma coisa “curiosa e cômica”. O primeiro time só surgiu em 1958, com o nome de Araguari Atlético Clube, em Minas Gerais.
A Escola de Enfermagem Ana Nery foi a primeira escola oficial de enfermagem no país, nomeada em homenagem a Anna Nery, pioneira da enfermagem brasileira.
Anna Justina Ferreira Nery: morreu aos 65 anos depois de dedicar sua vida a cuidar das pessoas e lutar pela educação feminina. Uma curiosidade sobre ela é que, em 2009, ela se tornou a primeira mulher a entrar para o Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria.
Quando ainda nem existia o voto feminino, Alzira Soriano de Souza abriu espaço para as mulheres na política. Ela foi a primeira mulher a assumir o governo de uma cidade não apenas no Brasil, mas na América Latina inteira.
Maria Luiza Fontenele: primeira prefeita de uma capital brasileira, em Fortaleza.
Iolanda Fleming: primeira governadora, no Acre.
Luiza Erundina, primeira prefeita da maior cidade do Brasil, São Paulo.
Dilma Rousseff, primeira presidente do país.
A primeira participação do Brasil nos Jogos Olímpicos aconteceu em 1920, mas apenas 12 anos depois, em 1932, houve uma atleta feminina na equipe: a nadadora Maria Lenk.
Mary Dalva Proença: única mulher na delegação brasileira da Olimpíada de Melbourne, em 1956.
Aída dos Santos: em 1964, conquistou o melhor desempenho feminino em Olimpíada, que durou 32 anos.
Jacqueline SIlva e Sandra Pires: primeira dupla feminina a ganhar medalha de ouro, em Atlanta, 1996.
Somente em 1934 o voto feminino passa a ser regulamentado no país, para mulheres de todas as rendas, origens ou estado civil. Dois anos antes, em 1932, solteiras e viúvas com renda própria e mulheres casadas com permissão do marido podiam votar.
Bertha Lutz: responsável pela organização do movimento sufragista no Brasil e pelas ações políticas que resultaram no direto de voto feminino. Assumiu uma cadeira na Câmara Federal e lutou por mais igualdade de direitos políticos às mulheres.
Miêtta Santiago: foi a primeira mulher a exercer plenamente seus direitos políticos, após perceber que a proibição do voto feminino contrariava um artigo da Constituição.
Filha de empregada doméstica, Laudelina Campos de Melo criou a Associação de Trabalhadores Domésticos, primeiro sindicato das domésticas no Brasil, para combater a rotina de racismo, exploração e más condições de trabalho.
Por que uma competição de beleza que dita padrões merece destaque? Diz a lenda que a Miss Bahia perdeu o Miss Universo para a americana Miriam Steveson por ter muito culote. Depois, descobriu-se que “as duas polegadas a mais de quadril” foram uma invenção da mídia brasileira para acalmar os ânimos da população, que estava revoltada com a derrota. Entretanto, a fake news serviu de estímulo para que brasileiras sentissem orgulho de seus quadris grandes. Afinal, eles eram dignos de ~miss~! É uma faca de dois gumes, definitivamente, mas não podemos negar que Martha Rocha, mesmo que sem querer, empoderou muitas mulheres.
Em 27 de agosto, a Lei nº 4.212/1962 permitiu que mulheres casadas não precisassem mais da autorização do marido para trabalhar. A partir de então, elas também passariam a ter direito à herança e a chance de pedir a guarda dos filhos em casos de separação. No mesmo ano, a pílula anticoncepcional chegou ao Brasil. Apesar de ser um método contraceptivo bastante polêmico, por mexer com hormônios, não dá para negar que o medicamento trouxe autonomia à mulher e iniciou uma discussão importantíssima sobre a liberdade sexual feminina.
No dia 9 de outubro, o primeiro exemplar saiu em circulação com um editorial que marcou época e irritou muito homens, principalmente jornalistas e políticos. “O Brasil Mulher não é o Jornal da Mulher. Seu objetivo é ser mais uma voz na busca e na tomada da igualdade perdida. Trabalho que se destina a homens e mulheres. Não desejamos nos amparar nas diferenças biológicas para desfrutar de pequenos favores masculinos, ao mesmo tempo que o Estado, constituído de forma masculina, deixa-nos um lugar só comparado ao que é destinado por incapacidade de participação do débil mental”, afrontava a publicação sabiamente. A vida do jornal foi curta, devido a dificuldades financeiras. Foram 20 edições em dois anos. O Brasil Mulher, ainda hoje, é considerado um dos porta-vozes do Movimento Feminista.
No dia 26 de dezembro, a Lei nº 6.515 foi sancionada e iniciou uma discussão sobre a separação. Vale lembrar que mulheres desquitadas eram vistas com maus olhos por muitas pessoas, inclusive por outras mulheres, que preferiam viver casamentos infelizes e abusivos a pedirem o divórcio. Mesmo que a lei tenha mudado, na prática, o julgamento continuou. Até hoje muita gente acha “feio” quando uma mulher se separa, mas não julga os homens divorciados.
Rachel de Queiroz: no mesmo ano, a escritora e jornalista foi a 1ª mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
Parece estranho pensar que, antes disso, as mulheres não podiam praticar esportes “de menino”. Mas daí a gente lembra que ainda hoje atletas sofrem preconceito em muitas modalidades e tudo faz sentido. Em 1937, o Estado Novo de Getúlio Vargas decretou que mulheres só podiam praticar esportes que condissessem com suas condições físicas. Lutas, futebol, polo, beisebol e halterofilismo estavam expressamente proibidos. Em 1979, quatro mulheres se inscreveram com nomes masculinos no Campeonato Sul Americano de Judô e o Brasil conquistou o título devido justamente aos pontos dessas atletas. Foi aí que o Governo decidiu revogar a Lei.
Mais uma profissão que até então era vista como masculina. Dois anos depois, em 1982, a Força Aérea passou a aceitar mulheres e, em 1992, foi a vez do Exército Brasileiro.
Conhecida como a A Rainha do Samba, a cantora carioca cantava as dores e as alegrias dos negros, e liderava rodas de samba ainda dominada por homens.
A DEAM (Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher ) surge em São Paulo e, logo depois, outras unidades começam a ser implantadas em outros estados. Essas unidades especializadas da Polícia Civil realizam, essencialmente, ações de proteção e investigação dos crimes de violência doméstica e violência sexual contra as mulheres.
Estima-se que 450 negras reuniram-se para promover debates e seminários em vários estados brasileiros, a fim de conscientizar a população e trazer à tona questões do feminismo negro. No mesmo ano, aconteceu a mobilização que ficou conhecida como Lobby do Batom. A questão em pauta era a igualdade formal de direitos entre mulheres e homens na Constituição Federal do Brasil. #NãoTiraOBatomVermelho.
Um sistema de cotas foi criado pelo Congresso Nacional, que obrigava os partidos a inscrever pelo menos 20% de mulheres nas chapas eleitorais.
Louco pensar que foi só nesse ano que o Código Civil retirou o artigo que dizia que um homem podia pedir a anulação do casamento caso descobrisse que a esposa não era virgem. Até então, a virgindade feminina, ou a falta dela, no caso, era tratada como crime e uma justificativa plausível para divórcios. Foi também em 2002 que aconteceu o 1º Encontro das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira em Manaus. O principal objetivo da mobilização era discutir os direitos das mulheres indígenas e promover a maior inserção delas na sociedade. O Departamento de Mulheres Indígenas, que defende os direitos e interesse dessa população feminina, foi criado durante o encontro.
Definitivamente, essa é uma das conquistas mais importantes para as mulheres brasileiras. A Lei nº 11.340 foi sancionada para combater a violência contra a mulher.
Maria da Penha: a farmacêutica, que dá nome à lei, precisou sofrer duas tentativas de homicídio e lutar durante quase 20 anos para, enfim, conseguir colocar seu marido criminoso na cadeia. Foi em 1983 que ela sofreu o primeiro ataque de Marco, que atirou em Maria. Apenas 23 anos depois uma lei de proteção foi criada.
A eleição de Dilma Rousseff, no dia 31 de outubro, e a convocação de nove mulheres para os ministérios do país marcou história na política brasileira.
O movimento feminista conhecido internacionalmente chega ao país e é marcado por manifestações e luta das mulheres por mais direitos, respeito e contra o feminicídio, em São Paulo. Ela foi o estopim para diversos protestos organizados que aconteceriam nos anos seguintes.
A cineasta, que levou o prêmio pelo filme Guerra ao Terror, foi apenas a 4ª mulher na história da premiação a ser indicada nessa categoria.
No dia 9 de março, a Lei nº 13.104 finalmente classifica o feminicídio como crime de homicídio. Vale lembrar que, três anos após a criação da lei, o número de casos de mulheres mortas no Brasil só cresce e as garotas negras ainda são as maiores vítimas. Entretanto, é inegável que a Lei do Feminicídio representa uma grande conquista das mulheres e para as mulheres na busca por direitos.
Em discurso icônico de momento história, a atriz e produtora disse que tinha sempre a sensação de tentar, tentar, mas nunca alcançar as mulheres brancas, principalmente no meio cinematográfico. “Na minha mente, eu vejo uma linha. E depois dessa linha, eu vejo campos verdes e lindas flores e bonitas mulheres brancas com seus braços estendidos em minha direção, para além dessa linha. Mas eu não sei como alcançá-las. Eu não sei como atravessar a linha(…) Me deixem dizer algo: a única coisa que separa mulheres negras de quaisquer outras mulheres é a oportunidade”, falou.
No dia 1º de março, o STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou que transexuais e transgêneros alterassem o nome biológico e o gênero indo apenas ao cartório, sem precisar mostrar laudos médicos, comprovações de cirurgias ou terapias hormonais.
No dia 16 de fevereiro de 2019, Maria Júlia Coutinho se tornou a primeira mulher negra a integrar o time de apresentadoras do maior jornal da televisão brasileira, fazendo parte do rodízio de jornalistas em finais de semana e feriados.
Ruth E. Carter e Hannah Beachler fizeram história na cerimônia do Oscar 2019 ao receberem os prêmios de Melhor Figurino e Melhor Design de Produção, respectivamente. Ambos vieram através de seus trabalhos no filme Pantera Negra.
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