Em projeto desenvolvido em escola municipal de Guararema (SP), educadora conta como trabalha com grupos de estudo e roteiros individuais para personalizar as aulas
Durante a realização de uma pós-graduação em gestão da aprendizagem, pude perceber pontos importantes da minha prática profissional que ainda me tornavam uma professora tradicional. Neste sentido, elaborei um projeto que usa a metodologia da sala de aula invertida com o objetivo de estimular a autonomia e a cooperação dos meus alunos.
Desenvolvi o projeto “A verdadeira autonomia do respeito e da cooperação”, que foi realizado com uma turma do 5º ano do ensino fundamental em uma escola municipal de Guararema (SP).
Na rede onde trabalho, fazemos uso de material apostilado, cuja utilização prejudica, em meu ponto de vista, a autonomia do aluno. Para transformar essa realidade, permiti que os alunos escolhessem a ordem dos conteúdos da apostila que gostariam de trabalhar. No início do bimestre, eles formam quatro a cinco grupos para cada disciplina, de acordo com essas opções.
Além disso, para que houvesse cooperação verdadeira entre os alunos, abrimos mão das carteiras enfileiradas e resolvemos trabalhar com grupos de estudos. No começo da aula, eles organizam as carteiras montando diferentes grupos dependendo da disciplina que será trabalhada.
Para personalizar o ensino e organizar o caminho que o aluno irá percorrer, uma vez que ele possui um grupo para cada disciplina, montei roteiros de estudos individuais que descrevem cada percurso. Nele, informo a qual grupo pertence em cada disciplina e a ordem dos conteúdos que serão trabalhados durante todo o bimestre. Com o roteiro em mãos, eles têm total consciência de sua trajetória. Nesse mesmo roteiro, eles podem anotar a situação da aula, se foi compreendida ou se ainda ficou alguma dúvida, e a data em que a atividade foi realizada.
Além disso, fazemos uso da metodologia de sala de aula invertida, em que os alunos levam suas apostilas para casa para realizar a leitura prévia do conteúdo da próxima aula. Dessa forma, otimizamos o tempo em sala, pois não existem mais aulas expositivas. Os alunos debatem em seus respectivos grupos o conteúdo lido, tiram as dúvidas que surgirem com os colegas e realizam as atividades propostas pelos livros. Eu apenas circulo entre os grupos para dar algum apoio quando necessário.
Para que a aprendizagem se torne ainda mais significativa, disponibilizei vídeos sobre os conteúdos trabalhados para os grupos assistirem em meu tablet durante as aulas.
A avaliação do processo foi realizada em sua maior parte por minha observação. Eles também realizaram atividades avaliativas personalizadas para cada grupo e uma avaliação bimestral, além da autoavaliação que compõe parte da média bimestral.
Com estas novas metodologias, pude perceber um maior engajamento dos alunos em seu processo de aprendizagem. Eles se tornaram sujeitos de sua própria história, têm maior autonomia e aprenderam a cooperar com seus colegas. As trocas de informação, imprescindíveis na construção da aprendizagem, são muito ricas e acontecem na prática, tornando dessa forma o tempo escolar de cada um mais significativo.
Quanto a minha prática, percebo hoje que está totalmente transformada. Abri mão do papel de detentora e transmissora do conhecimento para me tornar uma mentora, que apoia e ajuda o aluno a traçar seu percurso individualizado, uma educadora que se permite errar, testar, refletir e construir juntamente com o aluno, mantendo uma relação horizontal de aprendizagem mútua.
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