“É uma oportunidade de colocar em prática uma ideia que pode ser muito importante para várias pessoas.” É o que o professor de Física, Rafael Assenso, da EE Alexandre Von Humboldt, diz aos alunos sobre as aulas de Iniciação Científica que integram o Programa Ensino Integral. Nas eletivas, os estudantes desenvolvem atividades de acordo com o seu Projeto de Vida – uma das diretrizes do Programa. Nathália Souza de Oliveira é uma dessas pessoas a que o professor se refere. Na aula “Rumo ao Prêmio Nobel”, ela criou um monitor cardíaco ganhador de um dos prêmios para Mulheres na Engenharia da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), da Escola Politécnica da USP, e semifinalista na Feira de Ciências das Escolas Estaduais de São Paulo.
Em meados de 2015, Nathália começou o projeto focando em problemas neurológicos. Interessou-se pelos distúrbios do sono e se aprofundou no assunto, realizando um curso na USP, lendo artigos científicos e conversando com especialistas na área. Durante sua pesquisa concluiu que o sonambulismo poderia expor as pessoas a riscos, e foi então que decidiu sua linha de trabalho. “Imaginei que deveria haver um dispositivo, algo que pudesse identificar o sonâmbulo em momento de distúrbio. Relacionei as informações que eu encontrava em todos os artigos – os batimentos cardíacos tinham uma relação imensa com o sonambulismo e as fases do sono. Então, depois de pesquisas aprofundadas e idas até o Instituto do Sono aqui em São Paulo, pude afirmar que o sonambulismo altera os batimentos cardíacos da seguinte maneira: quando estamos dormindo, nossa frequência cardíaca é baixa, pois nosso corpo está relaxado, e a atividade cerebral também é diminuída, consequentemente baixa frequência cardíaca; quando estamos acordados, essa frequência aumenta, de forma que o corpo no estágio de sonambulismo funciona como se estivesse acordado; assim podendo identificar a partir dos batimentos cardíacos quando o sonâmbulo está dormindo ou quando se inicia o distúrbio”, explica a aluna.
Em parceria com o professor de Física, Nathália criou o monitor cardíaco para identificar quando a pessoa entra no estado do distúrbio. “A ideia do protótipo é de que funcione como uma pulseira (um método não invasivo), que captará os batimentos cardíacos; e quando identificar a mudança na frequência, enviará uma vibração mecânica, ou até mesmo uma mensagem no smartphone para alguma pessoa que vive junto com o sonâmbulo.”
O professor conta sobre a importância do projeto e de que forma motiva os alunos a participarem das aulas: “Existe a possibilidade de participar de grandes eventos e de ter contato com pessoas do mundo inteiro. Possibilita também um contato direto com a área na qual desejam se formar e trabalhar, colaborando muito para o seu desenvolvimento pessoal e acadêmico”.
Para Rafael, ver a evolução dos alunos e o reconhecimento dos trabalhos é muito gratificante. “A quantidade de ferramentas que a pesquisa fornece acaba por possibilitar uma formação completa, em todas as esferas de formação que a escola pode oferecer. Além disso, é um conhecimento útil que está sendo oferecido à sociedade; e saber que eu participei e ajudei o estudante a se construir e a construir esse conhecimento é uma satisfação imensurável.”
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